DICA DE LEITURA 13
- Fernando Rogério Jardim
- 13 de jan. de 2016
- 3 min de leitura

Olá, crimes impunes contra o não-ser! Vocês podem pensar que, fazendo a resenha dum livro cujo título é Como as gigantes caem, eu estaria me desviando do propósito deste blog, que é tratar de empreendedorismo para iniciantes que almejam abrir seus próprios negócios — porque as startups, como o próprio nome sugere, são empresas pequenas, estreantes e ascendentes. Então, ¿que diabos as grandes corporações decadentes teriam a nos ensinar sobre a gestão das startups? Pois James Collins mostra-nos, neste livro, que as corporações bem-sucedidas contraem os gérmens do seu fracasso justamente no momento em que desfrutam do mais enfático sucesso. E isso é um belo aviso às empresas iniciantes: conheçam os sintomas do declínio e elimine-os pela raíz desde o início.
Não vou me estender muito sobre as idéias centrais do livro, pois, na nona ferramenta estratégica, eu creio ter sido didático o-bastante na exposição do modelo dos cinco estágios de declínio proposto por Collins: 1) excesso de confiança oriundo do sucesso; 2) busca insana por mais & mais; 3) negação dos riscos e perigos; 4) luta desesperada pela salvação; e 5) rendição à irrelevância ou à morte. Sim, crianças: aquele diagrama foi extraído desse livro: Como as gigantes caem. A obra faz parte duma primorosa trilogia de estudos, resultado das pesquisas do autor à frente da sua equipe na Stanford Graduate School of Business. Os outros dois livros — best-sellers enfàticamente recomendáveis — são Feitas para crescer (Good to great, de 2001) e Feitas para durar (Built to last, de 1995).
Eu, particularmente, nutro uma grande admiração por James Collins. Em poucas palavras: ele transforma dados em arte. Seu texto é uma delícia de ler: é claro e limpo, elegante e didático. Até quando ele explica os chatíssimos procedimentos metodológicos que empregou na pesquisa, seu texto é incrìvelmente bem-trabalhado. Em inúmeras passagens, estamos diante dum verdadeiro livro de literatura, e não dum soporífero livro de administração. A-princípio, eu pensei que isto de devesse ao belíssimo trabalho das tradutoras brasileiras, mencionando-as respectivamente: Cristina Yamagami, Maurette Brandt e Silvia Schiros. Mas não: os textos são bons também no original. Meus alunos, com suas monografias chatíssimas, deveriam aprender a escrever como James Collins (indireta).
Uma coisa legal desses livros é a forma como o autor estruturou e apresentou suas idéias. Logo no início, ele explica o modelo teórico que encontrou nas conclusões da pesquisa, representando-o gràficamente por meio dum esquema ou diagrama divisível em estágios ou pedaços. E desse ponto em diante, cada capítulo do livro é dedicado à explicação dum estágio ou pedaço do diagrama. ¿Não é foda? Quem conhece a escuridão sinistra do meu coração pèludo, sabe que eu não sou de rasgar-seda para qualquer bobagem que encontro nas livrarias. Meus elogios aqui, portanto, são insuspeitos de parcialidade ou de interesse comèrcial. Se é bom, eu enalteço. Se é ruim, eu detono. Perguntem às editoras Elsevier, Rocco ou HSM se eu estou recebendo jabaculê para falar-bem dos livros delas...
COLLINS, Jim. "Como as gigantes caem; e por que algumas empresas jamais desistem." Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 195 páginas. R$ 72,90.
DEPOIMENTOS:
"As empresas gigantes caem da mesma maneira que as pessoas: quando tropeçam. A diferença é que, no caso delas, a queda faz mais barulho e mais gente sai machucada."
Mestre Chi Biu Zin.
"¿Como as empresas caem? Bom... Primeiro, elas se tornam amigas do rei. Depois, elas contabilizam empréstimos como se fossem ativos. Por fim, as pessoas descobrem. Bum!"
Professor Florindo Mandioca.
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