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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 79

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 2 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

São Paulo, 2 de Julho de 2017.

Poxa, Beatriz,


É bom saber que lhe foi útil a mensagem da semana passada! Isso não significa que ela tenha sido boa, mas sim que você já concordava com seus fundamentos. De certo modo, eu tirei as palavras da sua boca. Não é mérito meu, portanto. E que bom que, nesse meio-tempo, as coisas tenham se ajustado aí na empresa! A propósito, eu acho que podemos adicionar mais algumas coisinhas ao assunto que havíamos começado.


Se você trabalha numa empresa grande, que tem processos bem definidos, você não vai querer correr riscos com inovações — a não ser que o concorrente também inove. Vem daí a tendência d' as grandes empresas controlarem os processos internos com burocracia e, assim, sufocar a inovação. Mas uma startup, ao contrário, está experimentando um modelo-de-negócios novo. Correr riscos é inerente ao negócio dela.


Se você trabalha num setor onde são produzidas coisas matèriais, inevitàvelmente você desenvolverá uma mentalidade de escassez — que é a mentalidade típica das indústrias da velha economia. Você então desejará guardar a sete-chaves seus recursos; e tenderá a ver em todas as pessoas um potèncial ladrãozinho. Daí para você se tornar uma pessoa mesquinha e paranóica, fissurada em vigilância, é um passo.


Se você trabalha com pessoas que são profissionais não-vocacionados, quer dizer, que realizam tarefas apenas por dinheiro, e não por prazer ou vocação, a única maneira de fazê-las trabalharem mais é dando-lhes mais dinheiro. O problema é que o seu dinheiro tem limite. Esgotada essa estratégia de motivação, restará a você tentar prèmiá-las com poder e prestígio — daí a proliferação de níveis hierárquicos.


Se você produz coisas sèriadas que são iguais umas às outras e sua produtividade depende apenas do tempo, então, você tenderá a microgerènciar seus funcionários, porque o desperdício de tempo significa aí, diretamente, desperdício de dinheiro. Daí vem os expedientes, os livros-de-ponto, os crachás com sensor magnético, as catracas eletrônicas e toda a parafernália tecnológica criada pela SS em parceria com a KGB.


Mas porra: num trabalho criativo, é impossível prèver quando o cara terá uma idéia que estorará a boca do balão. Não faz sentido, portanto, controlar quando ele chega, quando ele sai, quanto tempo ele leva para ter uma idéia. E seu eu pudesse resumir tudo o que lhe disse nessas duas mensagens, Beatriz, diria o seguinte: não empreenda com mentalidade de funcionário; e não tenha idéias como quem produz sabão.

Sei que você concorda com isso.

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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