POSTAGEM-RELÂMPAGO 22

1- Empreender é arriscado. Você sabe disso, e já me ouviu falar sobre riscos várias vezes aqui neste blog. Mas vem cá: ¿você sabe o que são riscos, como eles vivem e do que se alimentam?

2- Riscos nada-mais são que um conjunto de vàriáveis que, ao mesmo tempo, são incógnitas. Não existe "risco conhecido" ou "risco controlado". Isso seria um paradoxo. Risco é sempre o x da questão.

3- Reúna, portanto, o máximo que você conseguir de informações e de experiências sobre esse risco. Pesquise, colecione, converse, aprenda! Crie um dossiê ou arquivo só com dados sobre esse risco.

4- Risco é tudo aquilo que você não conhece e não controla mas, ainda assim, está exposto. Há, portanto, fatores desconhecidos e incontroláveis, mas que não são riscos para você. Exemplo: vulcões.

5- Portanto, qualquer estratégia de redução de riscos fará uma ou mais dessas três coisas: ou reduzirá o grau do desconhecido, ou reduzirá o grau do incontrolável; ou tentará afastar você desses fatores.

6- O pior risco é aquele que você não sabe que corre; é aquele ao qual você está exposto sem se dar conta. A busca por riscos é, portanto, uma busca por más notícias. Mas é muito melhor sabê-las antes.

7- Há algo de subjetivo e pessoal no risco. Uma das coisas que você deve perguntar para si-mesmo é ¿do que eu tenho medo? ¿Da vergonha, do fracasso, do sofrimento, do prejuízo, da dor, do fim, do PT?

8- Faça a si-mesmo duas perguntas: ¿o que de pior acontecerá comigo se esse risco se concretizar? ¿O que de pior acontecerá comigo se eu perder essa puta oportunidade por causa do medo?

9- Pense não apenas na intensidade e na freqüência desse risco; tente imaginar também como seria sua vida daqui a dois, cinco ou dez anos caso ele realmente se concretizasse. Projete hipóteses.

10- Noutras palavras, o risco poderá ou não ter conseqüências a curto ou longo prazo, que precisarão ser administradas futuramente. E há também um custo associado a essa administração.

11- A avaliação do risco precisa vir acompanhada duma avaliação do benefício. Você pode ou não optar por correr um certo risco se o benefício esperado com ele compensar seu aperreio. No pain, no gain.

12- E como os riscos estão associados aos benefícios, este benefício também precisará ser avaliado por você. ¿Quão importante e interessante ele lhe parece neste momento? ¿Quanto vale o show?

13- Faça a conta: o grau do risco (sua intensidade objetiva ou subjetiva) mùltiplicado pela chance d' ele ocorrer (a freqüência com que ele ocorre aos outros e seu nível específico de exposição a ele).

14- Claro: não é possível chegar a resultados precisos com essa conta, muito-embora os bancos, as imòbiliárias e as seguradoras tentem ganhar fortunas fazendo esse tipo de cálculo macabro.

15- Porém, é possível comparar riscos específicos com riscos semelhantes. Exemplo: ¿qual é o risco duma bailarina ficar paralítica, dum músico perder a audição, dum esquerdista tomar vergonha na cara?

16- Noutras palavras, os riscos que não forem mensuráveis poderão ser comparados com outras coisas negativas que tiverem, para você, intensidade e freqüência semelhantes. Trata-se duma estimativa.

17- Procure conhecer histórias de pessoas que já passaram por aquilo que você teme passar. Leia cases! ¿O que elas aprenderam com a experiência? ¿Como a superaram? ¿Que dicas você tiraria disso?

18- Pense de maneira estratégica e panorâmica. Considere a hipótese d' esse risco vir acompanhado de desdobramentos inconvenientes — o que eu chamo de "Efeito Desgraça Pouca é Bobagem".

19- Por fim, há uma dimensão ética na assunção de riscos. Pense em quantas pessoas — parentes, amigos, vizinhos, estranhos — você também estaria expondo ao assumir esse risco para si-mesmo.

Até-mais-ver!

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