CAIXINHA DE FERRAMENTAS 12
- Fernando Rogério Jardim
- 21 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Olá, abalizados causídicos de reputação ilibada & notório saber jurídico! Tradução: olá, canalhas! Eu preciso iniciar a explicação dessa ferramenta com alguns elementos fáticos prèliminares. Primeiro: você já deve ter notado que, quando alguém posta nas redes sociais algum texto, filme ou foto que tenha a-ver com o noticiário do momento, essa postagem ganha mais curtidas. ¿Sabe por quê? Porque esse texto, filme ou foto está em sintonia com aquilo que os esotéricos chamam de egrégora e as empresas chamam de timing. Timing é a noção de oportunidade ou de adequação dum negócio àquele momento ou efeméride.
Segundo: você já deve ter notado que, quando você começa a aprender uma nova hàbilidade (tocar violão, falar outra língua), o começo do processo é mais fácil, porque as noções básicas daquilo são mais simples. À medida que o estudo avança, porém, o aprendizado vai se tornando mais & mais trabalhoso, pois as hàbilidades exigidas tornam-se mais & mais complexas. Chega-se então a um pico de dificuldade, no qual sua hàbilidade ainda insuficiente encontra uma complexidade já estabelecida. Daí o tempo avança; e você vai percebendo uma diminuição da dificuldade, conforme seu domínio do assunto se consolida.
Terceiro: quando novos produtos ou serviços chegam ao mercado, eles atraem pouca atenção no início. As pessoas demoram para compeendê-los e serem por eles impactadas. Com o tempo, porém, conforme a novidade se difunde, sua demanda aumenta e os preços disparam. Concorrentes são atraídos pela oportunidade. Imitadores, similares, sucedâneos e cópias piratas invadem o mercado, concorrendo com os pioneiros. A existência dessas opções e a saturação do mercado forçam os preços da inovação para baixo. Passa mais um tempo, e ninguém agüenta mais ver aquilo. A febre passou. Quem a aproveitou, aproveitou.
Quarto e último: pense numa franquia. Qualquer franquia. ¿Quais são as duas características mais óbvias desse negócio? Resposta: 1) seu processo é fàcilmente ensinável a qualquer funcionário sem hàbilidades e 2) ele oferece um produto ou serviço valioso, quer dizer, no qual as pessoas vêem um valor notório e pelo qual estão dispostas a pagar algum dinheiro. O resto é o resto: pouco agrega. Não importando o segmento, todas as franquias têm essas duas características: processos de fàbricação ou atendimento bastante simples e produtos ou serviços com valores elevados e notórios. ¿Entenderam a brincadeira?
¿Que tal, então, fazer com que sua startup ingresse no mercado no timing certo, aproveitando a máxima convergência possível entre 1) processos com dificuldade declinante e 2) produtos ou serviços com picos de valor? ¿Isso não seria o máximo pelo mínimo? — aproveitar o arcabouço de experiências & conhecimentos acùmulados pelos pioneiros daquele mercado (a onda do explicável) e o ponto de inflexão a-partir do qual a demanda por aquele produto ou serviço entra no ápice (a onda do desejável). Pois este é o objetivo do diagrama de Warrillow & Guillebeau. Porém, atenção: esta ferramenta serve apenas para diagnósticos simplificados.
Dado que um negócio tende a se tornar mais difícil de operar e menos valioso com o tempo, o diagrama abaixo cruza essas duas ondas, fàcilitando a avaliação do potencial de expansão (escalabilidade) dum negócio e sua possível conversão em franquia. Um negócio é ótimo quando é o-mínimo possível complexo (explicável) e o-máximo possível lucrativo (valioso). Entretanto, como há um delay na evolução dessas tendências, o segredo é esperar pelo momento perfeito (timing) de convergência entre elas. A coisa acontece como num eclipse. A dificuldade, então, é prospectar as tendências que permitirão prèver o próximo evento.
No diagrama abaixo, a primeira onda representa um ciclo pelo qual um bem (simples no começo) torna-se mais & mais complicado de ser entendido e fàbricado, chegando então a um ápice a-partir do qual seus processos são dominados pelo fàbricante e, portanto, tornam-se fáceis de ensinar e executar. A segunda onda começa com a mercadoria desconhecida, com pouco valor. Quando suas falhas e arestas são contornadas e ela se adequa melhor às demandas do mercado, os clientes finalmente aparecem e seu valor sobe, chegando daí a um ápice a-partir do qual a saturação e os imitadores fazem-na perder valor. É isso.
Até-mais-ver!
Diagrama de Warrillow & Guillebeau.
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