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CAIXINHA DE FERRAMENTAS 6

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 9 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

Oi, povo! Tomás de Aquino — o cara que me ensinou a pensar — citando o poeta Salústio, dizia que a verdadeira amizade consistia em ter as mesmas simpatias e as mesmas antipatias (Suma Teológica, I.42.3). Eu já disse aqui, numa postagem-relâmpago, que o bom sócio não é — necessàriamente e obrigatòriamente — um amigo de longa-data, a mina com quem você de deita, o cara que você convidaria para apadrinhar seus bastardinhos ou alguém para quem você pediria para ocultar um cadáver. Entretanto, um mínimo de simpatia, confiança e admiração é algo que você deve dividir com seu sócio. Quanto mais sólida for a amizade, maiores serão as chances d'a relação (e, com ela, a empresa) sobreviver a desavenças e perrengues. A ferramenta estratégica que eu vou lhe mostrar nesta semana — criada pelo titio-aqui — servirá para você descobrir coisinhas sobre si-mesmo e essa criatura chamada o sócio.


É sempre bom que você e a pessoa com quem você formará sòciedade tenham aquela conversa, despindo-se de todas as máscaras, segredos e podres do passado. Ponha tudo às claras! Não tenha medo e tampouco vergonha. É melhor saber das coisas agora do que ser surpreendido amargamente mais tarde. Um exercício que eu proponho para isto é o chamado striptease psíquico. Faça uma lista — o mais sincera e completa possível — das qualidades & defeitos que você vê em si-mesmo. Em seguida, faça outra lista, mas com as qualidades & defeitos que você vê em seu sócio. Essa pessoa deverá fazer a mesma coisa "contra" você. Para dar certo, o exercício do striptease psíquico deverá contar com a sinceridade e a cùmplicidade, a aceitação e o respeito mútuo de vocês. Se você perceber que seu parceiro costuma receber mal as críticas, é ressentido, recalcado, histérico e mimimista, bom... então é melhor tentar outra tática.


Feitas as listas, troque-as com seu parceiro e comente os resultados. ¿A forma como você se vê é a forma como o outro o vê? ¿A forma como você vê o outro é a forma como ele se vê? ¿Há concordância ou discordância nessas avaliações? De posse desses dados sobre o perfil de ambos, você verá que eles poderão se classificar em três categorias: 1) ou são valores e crenças, aspirações e vontades, posturas e hábitos, simpatias e antipatias; 2) ou são traços ligados às funções intuitivas do cérebro, como dispersão, criatividade, sensibilidade, ànsiedade, percepção estética, dificuldade de organização, extroversão, hàbilidade com linguagem e expressão, etc. e que o situariam na área de humanas; 3) ou são traços ligados às funções analíticas do cérebro, como foco, concentração, introversão, monotonia, frieza social, organização, hàbilidade com cálculos e estratégia etc. que o poriam no time das ciências exatas.


É claro que as coisas que eu estou chamando de "funções intuitivas" e "funções analíticas" são estereótipos exagerados. Eu sei que as pessoas são muitíssimo mais complexas que isso. Aqui, tais conceitos cumprem apenas uma função didática. Suponhamos, então, que você e seu sócio descobrem que, dos dois, você é o cara mais analítico (lógico e racional) e ele é o cara mais intuitivo (estético e emocional). Saiba que isto seria uma ótima notícia para vocês. Sua futura empresa contará com um manancial inesgotável de novas idéias (vindas do seu sócio) e que depois serão tesouradas, formatadas, viabilizadas ou impugnadas por você — seu estraga-prazeres duma figa! É geralmente essa a divisão-de-trabalho que se vê nas startups mais bem-sucedidas: um é o cara da concepção criativa, o outro é o cara da execução racional; um é o cara do telefone, o outro é o cara da planilha; um é bom com pessoas, o outro é bom com coisas, etc.


Porém, a essa altura, você deve estar se perguntando, desconfiado: ¿mas perfis tão diferentes não gerarão conflitos por incompatibilidade e incompreensão? Resposta: não, caso duas condições sejam satisfeitas. Primeiro, que os sócios, mesmo tendo perfis e formações tão diferentes, compartilhem dum mínimo múltiplo comum axiológico, quer dizer, dum repertório semelhante de princípios e valores morais que criarão entre eles vínculos de sintonia e empatia, compromisso e concordância. É ao redor desse MMC que os empreendedores desenvolverão seu propósito e sua proposta de valor para o mercado. Segundo: que a convivência entre eles desencadeie um processo de aprendizado por interação, por meio do qual cada um vá se "contaminando" com os conhecimentos e competências do outro, cruzando seus rizomas e abrindo canais de compreensão e tolerância. Mais um pouco, vocês se casam. Eu quero o buquê!


Até-mais-ver!


Diagrama para avaliação de compatìbilidade ou complementaridade de perfil entre sócios (autoria própria).

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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