DESAFIOZINHO 12
- Fernando Rogério Jardim
- 8 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Pois é, bibelôs de estoque... Como diria a Simone, mais um ano termina e começa outra vez. ¿E quem nunca começou o ano com aquela carrada de desejos fajutos que, prometidos solenemente em janeiro, já se encontram totalmente avacalhados em fevereiro? Descumprir promessas revela muito sobre o caráter de quem as fez; mas as promessas em si também contam muito sobre o íntimo do sujeito — seus anseios, angústias, nostalgias e esperanças. Vejam: ontem-mesmo eu lhes apresentei uma ferramenta (provisória) de classificação ou, melhor dizendo, de sondagem de perfis de personalidade empreendedora. O objetivo dela é deixar um pouco mais visível — sobretudo ao próprio indivíduo analisado — que paixões o move e quais delas poderiam nortear seu projeto de carreira ou de negócio.
Conforme essa ferramenta, seus sonhos podem se encaixar, grosso modo, em quatro categorias não-excludentes: 1) sociais, familiares, afetivos (por exemplo: construir uma família, fazer mais amigos, etc.); 2) culturais, educacionais, artísticos (por exemplo: escrever um romance; aprender a tocar um instrumento, descobrir uma cura, etc.); 3) econômicos, tecnológicos, matèriais (por exemplo: dirigir o carro dos sonhos, inventar algo legal, etc.) e 4) éticas, religiosas, estéticas (exemplos: emagrecer, adotar uma criança, alcançar a paz interior, fazer trabalho voluntário, etc.). Confesso que eu-mesmo não estou satisfeito com essas categorias; eu agradeço sugestões de mudança. A idéia por trás dessa ferramenta é simplesmente tornar claros e visíveis que propósitos orientariam o empreendedor e em que negócio ele teria, como diria Almir Sater, o dom de ser capaz e ser feliz.
Não, caro leitor mala: isso não é um teste vocacional de recursos humanos. Eu não estou querendo classificar e encaixotar os sonhos e os talentos das pessoas como se fossem livros numa mudança. A ferramenta — que eu chamei de tábua dos dez perfis — é apenas um exercício heurístico, um experimento de visualização. Eu já disse aqui várias vezes — e repetirei mais algumas — que o seu modelo-de-negócio ou mesmo o seu plano-de-carreira deve procurar um ponto de interseção entre aquilo que você gosta de fazer e é bom fazendo, dum lado, e aquilo que o mundo procura e está apto a pagar, do outro. E para encontrar esse ponto de interseção, antes-de-mais-nada, é preciso responder com seguinte pergunta: afinal, ¿o que eu quero da vida? E é por isso que nossa etapa prèliminar é a elaboração duma lista com tudo aquilo que gostaríamos de fazer antes de morrer.
Três coleguinhas toparam a brincadeira. Eles fizeram suas listas de sonhos e, sob a supervisão de um adúltero, foram colocando os pontinhos em suas tábuas, como se vê imagem a seguir. Lembrando que, quanto mais forte for o sonho para a pessoa, maior será o ponto com o qual ela representá-lo-á no diagrama. Ricardo é um perfil 1-4. No quadrante 1, o sonho que ele mais repetiu foi o de construir família. Mas várias outras coisas também foram colocadas no quadrante 4. Samanta tem o perfil 2-3. No quadrante 2, ela mencionou repetidamente seu desejo de aprender idiomas, mas não os idiomas que todos já falam. Ela também tem muita coisa no perfil 3. Por fim, Beatriz é um perfil 1-3. No quadrante 3, ela mencionou seu desejo de controlar suas finanças. Mas ela também tem uma constelação de pontinhos no quadrante 1. Temos, então, três pessoas com perfis bem diferentes. ¿Será?
Imagine antão que você é um consultor vocacional ou mentor de carreiras -- desses que adoram cagam-regras sobre a vida alheia e dão conselhos que não seguiriam. Imagine também que Ricardo, Samanta e Beatriz querem abrir o próprio negócio. Com base nas informações apresentadas, o desafio é o seguinte: 1) considerando apenas as informações que você tem da imagem abaixo, ¿qual seria o melhor negócio a ser aberto por cada uma dessas pessoas? 2) ¿Que inferências você teve de fazer para chegar a essa conclusão, tendo em vista que as informações sobre essas pessoas são incompletas e insuficientes? 3) Supondo que essas pessoas (todas ou ao menos duas) resolvam firmar uma sòciedade e criar uma única firma, ¿você acha que isso daria certo? Se sim, ¿quais dessas pessoas formariam a sòciedade mais promissora e trabalhariam melhor juntas? Se não, por quê?
Que os jogos comecem!
Comments