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DICA DE LEITURA 10

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 23 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

Pois é, ó fetos do meu útero árido... Já estamos na décima edição dessas dicas de leitura! A maioria dos livros que eu comento, resumo e indico aqui foram leituras que realmente me agradaram pelo formato e pelo conteúdo. Eu não faço jabá neste blog! Nem jabá, nem carne-seca, nem charque gaúcho. Aliás, alguns desses livros eu considero referências vitais para os empreendedores universitários — daquelas obras que vocês correrão sérios riscos não lendo. Esses livros, inclusive, eu reservo para as promoções. (Aguardem as próximas!) Mas com relação à dica de leitura desta semana, eu preciso fazer uma pequena confissão: foi esse o livro que me inspirou a criar este blog. O conceito de "empreender como mochileiro" está implícito nele.


Refiro-me a "Nunca procure emprego: dispense o chefe e crie seu próprio negócio sem ir à falência", de Scott Gerber. O título é bombástico, prètensioso, pròvocador e um tanto fajuto; mas acreditem: ele realmente entrega o que promete. Embora o livro dê dicas que são culturalmente e tècnicamente aclimatadas à realidade amèricana (a terra do autor), sua adaptação à realidade brasileira é possível. O cerne do livro resume-se à seguinte mensagem: não é preciso juntar uma dinheirama para empreender, desde que você não dê passos largos e saiba como e onde conseguir os recursos baratos, gratuitos, trocados, reciclados ou emprestados para iniciar seu próprio negócio — assim como fazem os que viajam de-carona: os aventureiros e os mochileiros.


De certa forma, este livro é um derivado-discípulo do clássico "A startup enxuta", de Eric Ries — que comentarei noutra oportunidade. O conceito é o mesmo; o que Gerber fez foi dar um tom mais tosco às idéias. O livro tem três aspectos positivos: 1) sua linguagem bem-humorada (até mesmo grosseira, em algumas páginas), com a qual o autor tece críticas mordazes ao emprego formal; 2) a sinceridade de chacoalhão que, embora padecendo daquele òtimismo arrogante da juventude (o autor do livro é mais novo que o autor deste blog), não doura a pílula das dificuldades de se empreender; e 3) a inacreditável abundância de dicas, sites, truques, manhas, ferramentas, aplicativos, programas e soluções baratas ou gratuitas espalhadas por todo o livro.


A primeira parte da obra — "a análise" — é porrada atrás de porrada. Gerber desconstrói sàdicamente as ilusões egóticas que embalam a maioria dos empresários de primeira-viagem. Sua autoestima arrogante baixa a zero aqui. A segunda parte do livro — "a construção dos alicerces" — ensina-nos a como estruturar uma pequena empresa em bases seguras & enxutas. Um dos alvos do autor, além da idéia de emprego formal, é o famoso plano-de-negócio — uma verdadeira vaca-sagrada para dez entre dez cursos de empreendedorismo dados no Brasil. No lugar dele, Gerber propõe um plano prévio, bastante sintético: um parágrafo só! Algo aqui soa bastante familiar, não? Estamos novamente no quintal teórico da startup enxuta.


A terceira e última parte do livro — "desde o princípio" — entra num ritmo frenético de truques & manhas práticas para se empreender com pouquíssimo ou nenhum dinheiro. A melhor coisa do texto, repito, é que ele é brutalmente e densamente prático. Estamos a anos-luz de distância das mensagens edulcoradas de autoajuda esotérica. Embora Gerber tenha algo de brasileiro no senso de improviso subjacente às dicas que dá, não podemos nos esquecer da impressionante infraestrutura voltada para startups que existe nos Estados Unidos. E aí, leitor, quem está a anos-luz de distância dessa realidade somos nós — vampirizados pela fome pantagruélica dum Estado pesado, ineficaz e corrupto, ocupado por um partido-quadrilha de cínicos vorazes. Boa leitura!



GERBER, Scott. "Nunca procure emprego! dispense o chefe e crie seu próprio negócio sem ir à falência." São Paulo: Évora, 2012. 227 páginas. R$ 39,90.



DEPOIMENTOS:


"Nunca procure emprego! Ah, não há conselho mais fácil de se obedecer atualmente — a-contragosto, é claro! e graças às cagadas daqueles que nós empregamos pelo voto."

Pai Zèzinho de Obatalá.



"Eu procurei emprego uma vez, sabe? Emprego público... E graças ao emprego público, jamais precisei trabalhar novamente. Prèvaricação e criação de bolor moral não conta."

Bernardo Barnabé.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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