top of page

POSTAGEM-RELÂMPAGO 19

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 29 de dez. de 2015
  • 2 min de leitura

Ó sacolejantes cadáveres epiléticos que se debatem! ¿Como vocês têm passado pela catraca da existência? Eu entalei! Hoje eu lhes proponho um exercício macabro. Imaginem a seguinte cena: eu estou entrevado na cama dum hospital (ou hospício), no leito-de-morte, com vários tubos entrando & saindo por todas as portas USB do meu lindo corpinho — mais-ou-menos como eu torço para que nossos governantes terminem seus dias. E eis que entra pela porta do quarto um jovem empreendedor universitário, com cara de tonto. (Ele pode ser você). Ele se senta aos pés da cama e pede meu derradeiro conselho, antes das cortinhas biológicas se fecharem. Depois de mandá-lo à merda e cobri-lo de pragas, num ímpeto de desespero & sofrimento, eu arranco o tubo da boca e lhe digo o seguinte, com a voz cavernosa & embargada:


1- Contraia sífilis, mas não dívidas! Comece seu negócio com pouco dinheiro e nunca-nunca-nunca comprometa mais de 20% da sua renda atual ou das economias passadas. Aposte pouco e só dobre a aposta quando tiver certeza de estar no rumo certo. Porque, se você quebrar (e aguarde: você vai quebrar algumas vezes no começo), você terá perdido pouco dinheiro e o próprio dinheiro (não o do banco). Cof! Cof! Cof! (A tosse é porque eu estou no leito-de-morte, lembra?) Eu sei que, dependendo do serviço ou produto que você pretende oferecer, é impossível dispensar o capital inicial para alavancar a produção ou o atendimento. Então, use dinheiro próprio e vá economizado 20% da sua renda desde já! Ah! Tome cuidado com o fluxo-de-caixa. Uma empresa não se mantém com lucro, mas com fluxo-de-caixa. Cof! Cof! Cof!


2- Comece seu negócio em meio-período, meu filho! Sim, você já ouviu essas histórias sensacionais & zabumbadas de empregados bem-sucedidos que deram a louca, chutaram o pau da barraca e largaram tudo para criar seu próprio negócio de sucesso. Sim... Essas pessoas tiveram algo bacana para contar a repórteres ávidos por històrietas hagiográficas & românticas. Mas daí eu lhe pergunto: ¿e aqueles que fizeram o mesmo e se danaram? ¿Você acha que eles saíram na capa de alguma revista? Cof! Cof! Cof! (Enfermeira, eu quero mijar!) Pense em seu negócio próprio como um segredinho, um projeto paralelo ao trabalho, uma borboleta no casulo preparando-se para a decolagem. E só chute o pau da barraca se seu emprego estiver mesmo lhe fazendo mal — mentalmente & fìsicamente. Cof! Cof! Cof!


3- Agora vem a parte difícil. Procure um ponto-de-equilíbrio entre o que você gosta de fazer e aquilo que o mercado precisa e estaria disposto a pagar. Saiba que há uma dimensão ontológica (descobrir-se) e axiológica (doar-se) em todo ato de empreender. Pergunte-se o que você gosta de fazer (o autoconhecimento) e pesquise o que os outros desejam (a oportunidade). Cof! Cof! Cof! Há histórias de pessoas que transformaram seu passatempo num negócio. Sim, mas cuidado: seu hobby é uma válvula-de-escape para o estresse. Pergunte-se, portanto, se você quer mesmo invadir esse cantinho sagrado de descanso com planilhas, boletos, faturas e clientes. ¿Você quer mesmo transformar seu hobby num emprego de dezoito horas? Cof! Cof! Cof! Agora saia, meu caro. Eu já sinto o doce abraço da morte a me envolver. Não atrapalhe meu embarque!


Até-mais-ver!

Comments


Contato direto pelo e-mail:

© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

  • YouTube Social  Icon
  • Facebook Long Shadow
  • Twitter Long Shadow

Seus detalhes foram enviados com sucesso!

bottom of page