DICA DE LEITURA 18
- Fernando Rogério Jardim
- 17 de fev. de 2016
- 3 min de leitura

Olá, domingueiros da sexta-feira treze! ¿Quanto tempo vocês acham que demora para se planejar a criação duma startup? ¿Três meses, seis meses, um ano? Certo. ¿E se eu lhes disser que é possível bolar uma idéia, desenvolvê-la e aperfeiçoá-la, formar uma equipe, estruturar um modelo-de-negócio e produzir um protótipo em apenas 54 horas? Bom... Pelo-menos é o que promete o livro "Startup weekend: como levar uma empresa do conceito à criação em 54 horas", de Marc Nager, Clint Nelsen e Franck Nouyrigat.
Eu sempre fico desconfiado com esses livros do tipo: "fique rico em dez dias", "consiga o sucesso em quatro passos", "fique magro em três horas", etc. O sucesso imediato, ou é causal e, portanto, não pode ser repetido nem ensinado; ou, podendo ser repetido e ensinado, se ainda assim for rápido, é porque chera a crime. Portanto, li esse livro esperando pelo momento em que seus autores aconselhariam fundar uma ONG ou filiar-se ao partido brasileiro com mais delinqüentes presos & soltos. ¿Qual será? ¿Qual será? Nada disso. O livro é um relato da experiência dos criadores do Startup Weekend — um evento colaborativo e competitivo que já reuniu mais de 34 mil pessoas em 55 países, com 850 startups iniciasdas a-partir dele. O Startup Weekend baseia-se no conceito de networking orientado para a ação. Nele, pessoas que nunca se viram têm uma tarde de sexta, o sábado e o domingo para criarem uma startup. O livro, bàsicamente, explica como funciona esse método, ilustrando-o com curiosidades, ferramentas, casos e dicas.
O evento visa derrubar uma série de barreiras que atravancam a vida de muitos empreendedores: o isolamento em ambientes pouco dinâmicos; a desconfiança ou timidez em revelar as próprias idéias de negócio; a dificuldade de contactar pessoas talentosas, entusiasmadas, comprometidas e com o mesmo espírito inovador; e o anticlímax de eventos de startups que não são orientados para a ação, onde pessoas simplesmente trocam cartões como se jogassem confete no carnaval e depois vão embora sem fazer nada.
O evento dá ênfase aos contatos e aos talentos. No primeiro dia, voluntários apresentam suas idéias de negócio em apenas um minuto! Trata-se duma versão compacta e ainda mais rápida de pitch (clique). Depois, os participantes que se interessarem por alguma idéias apresentada poderão se càndidatar a integrar a equipe do expositor. Começam então os trabalhos: planejamento, desenvolvimento e produção de protóripos. No último dia, o evento termina com um concurso que premia a melhor startup criada nessas 54 horas.
O conceito do Startup Weekend é interessante, pois usa o peso do grupo para forçar a que o empreendedor desembuche logo sua idéia, arregace as mangas e faça algo na marra, em menos de três dias. É uma mistura de incubadora de empresas (clique), pitch e flash-mob. É muito comum a procrastinação entre empreendedores: o medo de começar um negócio, o adiamento da iniciativa, a perda de tempo em reuniões de ideação que não chegam a lugar nenhum, a decisão temerária de encher um produto de funções e frufrus, etc.
O melhor do livro, porém, são os capítulos 3, 4 e 5 (páginas 69 a 139), nos quais os autores sìntetizam sua experiências no Startup Weekend transmitindo-as como dicas para as statups em geral, com ferramentas como o canvas e o scrum — que ensinarei como usar neste blog futuramente. Porém, para quem já conhece os conceitos de startup enxuta e mínimo produto viável, os autores têm pouco a acrescentar de novidade. O livro vale, mas não se paga; tem lá suas qualidades como relato de experiência, mas não vai muito além disso.
NAGER, Marc; Nelsen, Clint & NOUYRIGAT, Franck. "Startup weekend: como levar uma empresa do conceito à criação em 54 horas." Rio de Janeiro: Alta Books, 2012. 168 páginas. R$ 36,75.
DEPOIMENTOS:
"Que vergonha! Eu levei mais tempo lendo esse livro do que as cinqüenta-e-quatro horas que seus autores dizem levar para fundar uma empresa. Que vergonha!"
Doutora Paty Farias, numeróloga, homeopata e médica amadora.
"As únicas coisas que eu já vi fundarem em tão pouco tempo foram: Igrejas, partidos políticos, ONGs e òrganizações criminosas. Não me pergunte o porquê."
Doutor Causídico Saraiva, advogado criminalista, crupiê e botânico.
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