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POSTAGEM-RELÂMPAGO 24

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 2 de fev. de 2016
  • 4 min de leitura


Os primeiros estágios duma empresa podem ser sòlitários e casualmente assustadores. É provável que você sinta a falta dum "ombro muy amigo" para derramar suas angústias, comprovar suas hipóteses ou tão-sòmente se assegurar de que não ficou doido. Mas cuidado: essa necessidade de companhia (ou de mão-de-obra e dinheiro) pode colocá-lo nas garras de sócios-bomba e de pessoas tóxicas, mesmo quando todos os sinais de perigo estão tocando. É por isso que eu lhe fiz a lista abaixo.


1- O Sr. Maluco da Faculdade. Naquela noite em que vocês estavam bêbados na balada, seu coleguinha da faculdade anotou num guardanapo ensebado uma idéia de jênio (sic) e lhe entregou, sugerindo que você a desenvolvesse e a transformasse num negócio de um porrilhão de dólares, pois ele não é muito chegado a detalhes tèdiosos, sabe? O maluco da faculdade é um cara gente-fina. É bacana estar com ele, rir com ele, fumar & beber com ele. ¿Mas e quanto a trabalhar com ele?


2- O Dr. Concepção-Mas-Não-Execução. Pode ser que você seja o parceiro do cara que teve a idéia original do negócio: o dono da bola. Pode ser então — ó belíssima roubada! — que seu sócio-gênio trate-o como um subalterno, delegando-lhe todo o trabalho pesado & complexo da execução, enquanto ele se esconde da labuta e se pavoneia das idéias que teve, dando-lhe ordens de como as coisas devem ser. Este tipo de sócio usa sua ascendência intelectual para esconder sua inépcia em outras áreas.


3- O Sr. Adolf Benito. Eis um derivado exagerado do tipinho anterior. Autoritário e intolerante, o cara se diverte horrores humilhando os coleguinhas. A promessa dum sucesso remoto já lhe subiu à cabeça. Olhem lá: ele estufa o peito como um pombo e caga-regras como um pombo também. Cuidado: lá vem outra! Ploft! E mais outra! Ploft! Ou a coisa é do jeito dele, ou rua! Esse tipo de maníaco & mandão precisa de tratamento psiquiátrico já. Eu recomendo um infalível: pé-na-bunda e distância.


4- O Sr. Concurseiro Profissional. Você trouxe o cara para a empresa por considerá-lo disciplinado, òrganizado, obstinado e inteligente. Você acrèditou em sua disposição para empreender, ser dono do próprio destino, etc. Entretanto, secretamente, esse seu sócio acalentava outro plano: ele estava estudando àrduamente para se transformar num barnabé da prefeitura. Num belo dia, quando tudo está pronto para dar início à empresa, esse seu sócio lhe vem com a grande notícia: "mano, passei!"


5- Mr. Farewell. Esta é uma variação do tipo anterior. Seu sócio vai fazer intercâmbio, pós-graduação ou qualquer coisa-que-o-valha no exterior. Poxa! Você fica super contente por ele. Mentira: você está mesmo é com uma mistura inveja & cagaço — inveja porque gostaria de estar no lugar dele; e cagaço porque teme que ele não volte mais para este maravilhoso país em decomposição. Seus temores se confirmam quando você recebe do seu (agora) ex-compadre a seguinte mensagem: "farewell!"


6- O Sr. Amanhã Eu Resolvo. Seja por preguiça, por covardia, por passividade, por detalhismo, por negligência ou por desinteresse, seu sócio vive inventando desculpas para adiar a ação. Ele parece não ter senso de urgência, de demora; ele não sabe quantas coisas podem ser feitas em quinze minutos. Quando tudo está pronto, ele pede para conferir os detalhes. Você não tem um parceiro; você tem uma âncora! O dano que essa lesma pode fazer em ambientes dinâmicos, como o duma startup, é enorme.


7- O Sr. Nostalgia do Fordismo. Você convidou um sujeitinho para ser seu sócio na firma, e ele entendeu que seria seu primeiro... funcionário! Logo no primeiro mês, ele quis um ordenado definido, décimo-terceiro, férias, auxílio-cacete, salário-proleta, FGTS e todos os demais direitos que titio Getúlio e o vovô Benito consagraram na legislação trabalhosa. Você tentou esclarecer-lhe o mal-entendido, mas ele não quis mais saber. Dali para frente, ele continuou agindo como se fosse seu funcionário. Aliás...


8- O Sr. Funcionário. Uma conhecida piadinha corporativa diz que funcionários são aqueles caras que chegam tarde, deixam o posto cedo, roubam a empresa e saem disparando processos com a mesma facilidade do homem-aranha para disparar teias. Por isto, leitor, dou-lhe um conselho precioso — como todos os que dou aqui, aliás: nunca-jamais tenha funcionários. Monte uma bela equipe nas atividades-fim, para não depender de funcionários nem para as atividades-meio. E quando precisar, terceirize!


9- O Sr. Grande Família. Eu já vi a necessidade de manter esposa & filhos virar a cabeça dum sujeito — para o bem ou para o mal. Nuns, ela instalou um instinto de sobrevivência e responsàbilidade verdadeiramente impressionante. Noutros, ela sujou o caráter com nódoas de cinismo, maquiavelismo e pragmatismo. Você, leitor, pode me xingar pelo que eu vou dizer agora, mas trazer para a firma um sujeito com família é trazer para a firma a família do sujeito. Portanto, é bom redobrar os cuidados.


10- O Sr. Dependente. Duas dependências podem arrebentar com uma sòciedade (até mesmo com bandas famosas) e acender o alarme-piscante para um indivíduo-problema: a dependência dos pais ou do cônjuje, e dependência das drogas. A primeira acabou com os Beatles. A segunda acabou com o Nirvana. ¿Você acha realmente que sua frágil firminha-de-garagem resistiria ao turbilhão dum sócio sem maturidade, submetido à rédea-curta da mamãe, ao chicote do cônjuge ou algo pior: à servidão química?


Eu continuarei com esse assunto! Segurem essa pitomba aí!


Até-mais-ver!

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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