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DICA DE LEITURA 16

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 3 de fev. de 2016
  • 3 min de leitura

Saudações, ó primatas depenados pela evolução! Quero continuar hoje com a indicação de alguns livros edificantes sobre estratégia empresarial. Já disse aqui que as micro e pequenas empresas (os empreendedores e os microempresários) devem levar muito à sério essa coisa de estratégia, uma vez que, combatendo adversários grandes poderosos com escassez de provisões, o único recurso barato à disposição dos empresários iniciantes é sua inteligência, sua sagacidade, seu instinto animal aguçado, sua capacidade de avaliação panorâmica, sua visão do todo, sua malemolência, ziriguidum, telecoteco e balacobaco. Bom, vosmecês entenderam.


Grosso modo, toda estratégia está fundada em quatro pilares: 1) uso das fraquezas do oponente contra ele-mesmo; 2) uso econômico e concentrado dos recursos criativos e não-convencionais que se tem à mão; 3) visão ampla de todas as microtendências e microvantagens que atuam no campo de lutas, captando-as e usando-as em seu benefício; e 4) a luta por meio do engodo e do embuste, da dissimulação e da desinfomação. Nesse aspecto, a estratégia situa-se em algum ponto acima da diplomacia e abaixo da guerra em si. Numa dica atrás, eu usei o exemplo da luta — bem-sucedida porque não-convencional — entre Davi e Golias.


É nessa toada que vai o livro que lhes indico hoje: "A arte da gurrra, a arte do empreendedorismo", de Gary Gagliardi. Em poucas palavras, o autor tenta adaptar os livros do mestre chinês para os desafios comumente enfrentados pelos empreendedores e microempresários. O que o autor fez, de certa forma, foi uma paródia moderna do livro de Sun Tzu, arremedando o estilo de escrita (entre o poético e o oràcular) e a estrutura apròximada do texto chinês, recheando-o, entretanto, com dicas práticas para os temos atuais. O resultado dessa empreitada foi ambíguo, com altos e baixos. Antes-de-mais-nada, sim: o livro é gostoso de ler e algo se tira dele.


Entretanto, a tentativa de paròdiar o livro e manter-se fiel demais ao texto chinês prendeu o autor em soluções meio robóticas, que tolheram sua criatividade e frustraram sua proposta. Traduzindo: ao pegar um livro sobre estratégia militar escrito há 2500 anos por um general chinês e forçá-lo a passar pelo gargalo da estratégia empresarial moderna, ou o autor estupraria o texto chinês, mas em compensação ofereceria uma interpretação moderna e prática dele, ou manter-se-ia próximo demais do original, sob pena de tornar-se distante do mundo moderno, preenchendo a lacuna com dicas tolas, vagas, triviais e óbvias. Pois foi extamente o que aconteceu!


Falemos da estrutura. O livro tem treze capítulos, no início dos quais o autor sìntetiza o capítulo correlato ao livro de Sun Tzu, dizendo como ele poderia ser aplicado às estratégias dum empreendedor. Em seguida, em forma de versos, num estilo que oscila entre o oráculo e a poesia, mas com o passo-a-passo tão ao gosto do freguês ocidental, Gagliardi ensurdece-nos com sua fanfarra de òbviedades sobre planejamento, produtividade crescimento, lucro, foco, qualidade, marketing, etc. Vejam: além de grifar, eu costumo marcar com setas as partes que considero relevantes. Pois bem. Neste livro, eu só fiz isso nas páginas: 27, 34, 37, 72 e 75.


Porém... Ah, porém... Esse livro "A arte da guerra, a arte do empreendedorismo" paga-se por sua interessante e assustadora introdução (págs. 17-21). Em cinco páginas, Gary Gagliardi faz uma gènial adaptação da filosofia dos cinco elementos de Sun Tzu ao cenário competitivo empresarial. Para ele, a competição situa-se em algum ponto entre o terreno (sua situação no mercado) e o firmamento (as tendências mutantes do mercado). Do lado esquerdo do sistema, estão as hàbilidades individuais do líder; já do direito, estão os métodos e técnicas òrganizacionais do grupo. No centro está a filosofia ou propósito, que orientará sua estratégia.


Com isso, as quatro de hàbilidades ambientais são: conhecer (o mercado), prèver (as tendências), movimentar-se (nas tendências) e posicionar-se (no mercado), formando, com isto, um circuito completo. Os líderes (indivíduos) precisam das hàbilidades de conhecer e prèver. Já os grupos (empresas) precisam das hàbilidades de movimentar-se com àgilidade e posicionar-se com vantagem. A filosofia ou propósito, por sua vez, permite unir e focar os objetivos estratégicos dos líderes e grupos. É nesse cenário que se dão as cinco formas-padrão de ataque, segundo Sun Tzu: surpresa, logro, batalha, cerco e divisão. Essas cinco páginas valem o livro!



GAGLIARDI, Gary. "A arte da guerra, a arte do empreendedorismo." São Paulo: Makron Books, 2013. 119 páginas. R$ 39,00.



DEPOIMENTOS:


"Empreendedores gostam de Sun Tzu -- seja porque se encantam com essa aura esotérica que envolve tudo o que vem do oriente, seja porque esperam encontrar nas artes militares uma justificativa para suas espertezas obrigatórias."


Professor Mèritório Sacadura, empresário, ufólogo e plantador de rabanetes.



"Empreendedores precisam estudar estratégia porque, tendo um governo-monstro e empresários amigos-do-rei como adversários, às vezes, a única coisa que lhes resta é beslicar a bunda de ambos e sair correndo."


Palhaço Firulinha, empreendedor, coveiro e palestrante motivacional.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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