CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 9
- Fernando Rogério Jardim
- 20 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
São Bernardo do Campo, 20 de Fevereiro de 2016.
Cara Taís,
Acho que uma frase resume todo o conteúdo da mensagem que você me remeteu: medinho de rejeição. Sabe... depois do fracasso, este é o segundo medo mais comum aos ex-funcionários que empreendem. Eles já sofreram a rejeição do mercado-de-trabalho. A rejeição do mercado consumidor é uma ferida sobre outra ferida. O próprio fracasso é, em si, uma modalidade de rejeição: você não foi boa o-bastante para o mercado; o público pagante não aceitou o que você ofereceu; os parceiros a ignoraram; os investidores não apareceram... enfim: a rejeição. E isso dói.
Ah, minha cara... Paciência. ¿Você não quer enfrentar rejeição? Simples: preste um desses concursos fraudulentos de autarquia municipal ou estatal petista e torne-se funcionária pública. Abolete-se numa sinecura, pendure seu paletó na cadeira mais próxima e nunca-mais ouça não de cliente. Porque o Estado não tem clientes; o Estado tem vítimas! A relação dos cidadãos com o Estado não é voluntária; é coercitiva. O Estado é o único empresário que, além de não produzir porra nenhuma, ainda assim pode forçar a relação dos demais com ele. Enfim: assuma um cargo; e adeus, rejeição!
Agora... todas as demais relações de mercado são, desde o início, voluntárias. Você não pode forçar seu cliente a entrar na sua loja, a comprar o seu produto, a consumir o seu serviço. Ele é obrigado sim, pela própria natureza, a comer, beber, vestir, morar, dormir. Mas nada o obrigará a comprar das suas mãos os meios para a satisfarão dessas necessidades. A rejeição é, portanto, o risco que as partes assumem em qualquer relação civilizada e voluntária no mercado. O resto é estupro, assalto, saque, roubo, confisco – tudo-aquilo que o Estado faz sob o aplauso da esquerda tarada.

Saiba, Taís, que o medo da rejeição é mais perigoso que a própria rejeição: ele trava seu ânimo, traumatiza, produz couraça, enrijece a iniciativa, acovarda. Portanto, um conselho: assuma que a rejeição faz parte do jogo; e só escolha entrar num negócio que você sabe que continuaria fazendo mesmo que ele fracassasse. Noutras palavras, fixe seu olhar no ponto-fixo, no núcleo-duro do seu propósito. Tudo o que acontecer na periferia desse propósito – problemas, difìculdades, fracassos e a temida rejeição – será de sòmenos importância, desde que você se mantenha firme no caminho.
Sei que isso soa como “candomblé motivacional”. Você me lê; e sabe que eu detesto soluções triviais e frases-feitas. ¿Mas o que eu posso fazer quando a única solução viável é também a solução banal? Portanto, fixe seus olhos num propósito: isso manterá sua força constante, apesar dos pesares. Depois, a questão é saber até onde você aceitará ir com isso. A resposta está em quanto você agüenta suportar de ànsiedade, de angústia, de depressão. Caso o negócio esteja lhe fazendo mal, sem perspectivas de recuperação, e fazendo sofrer as pessoas que você ama, então, pare com isso!
Você também me fala na mensagem que está noiva. Hum... Isso é um sinal amarelo no caminho, sabia? Quando você se casar e tiver filhos, entrará mais um serzinho na jogada, obrigando-a a considerar mais variáveis nessa equação chamada empresa. ¿A insegurança de empreender ameaçará o futuro do seu filho? ¿Você terá tempo para cuidar bem dos seus dois filhos – o físico e o jurídico? ¿Ou será que garantir a felicidade do seu filho será o maior propósito, a maior força propulsora de motivação que você encontrará em toda a sua vida? Pense nisso. Mantenha contato.
Abraços,
Fernando.
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