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CAPÍTULO 29: DEITADOS ETERNAMENTE SOBRE O VADE MECUM

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 22 de fev. de 2016
  • 4 min de leitura

Silêncio: advogados dormindo no ponto!


Olá, causídicos da mortadela! Olá, juristas de opereta! ¿Vossas mercês têm ouvido muitos embargos auriculares? É... Que coisa feia, não? Este é o terceiro e último capítulo em que farei uma incursão no encantado & limpinho mundo do Direito – uma das profissões mais antipáticas à inovação e ao comportamento empreendedor. Vou concluir minha cagação-de-regras sobre o que eu faria se tivesse chifres e fosse colocado à frente dum escritório da advocacia. Aos colegas mais ladinos, pode ser que este texto seja um chuvisco no molhado; mas àqueles que ainda se apegam ao lero-lero dos idealistas de porta-de-cadeia, pode ser bom saber o que os escritórios mais dinâmicos andam fazendo por aí.


O Direito vive uma “esquizofrenia ideológico-financeira”. Não me ocorre um serviço mais caro e cuja diferença de qualidade mais diretamente se manifeste num delta-preço, criando, portanto, um obstáculo àqueles que não podem pagar por um bom exército de advogados chifrudos. Não me ocorre também uma profissão – exceto, talvez, a publicidade – mais fissurada em expressões exteriores (muitas vezes, fingidas) de riqueza & sucesso. Mas ao mesmo tempo, por imaginarem que trabalham prostituindo uma vestal chamada justiça – envelopara numa aura sacrossanta – os advogados têm dificuldades de se venderem. (Como se o que eles fizessem, afinal, não fosse a venda dum serviço – caro, aliás).


A dificuldade d’ os advogados se venderem e admitirem que o que vendem é um serviço (e não a própria justiça) liga-se a outra coisa: a dificuldade de diferenciar e transformar seus serviços em pacotes, quer dizer, em fàcilidades combinadas a còmodidades que poderão ser adquiridas à parte pelo consumidor, sem que isto configure uma venda-casada. Exemplo: uma empresa enroscada com desastres ambientais poderia precisar dum serviço de relações-públicas que aliviasse sua reputação frente aos ativistas e imprensa, mas com argumentos jurìdicamente sustentáveis. Essa mesma firma poderia dispor dum material simples e didático que explicasse os trâmites do processo para seus funcionários e investidores.


Um escritório de advocacia poderia oferecer para os funcionários ou os clientes dos seus clientes – como brinde, extra, parte do pacote ou promoção especial – um curso com noções básicas de direito consumerista, ou de direito trabalhista. Imagine o impacto e o diferencial dum serviço desses diante da concorrência e sua papeladazinha padronizada! Outra possibilidade seria oferecer um clipping (coletânea de notícias relevantes e prèviamente selecionadas) para o cliente – só com dicas, curiosidades, oportunidades e ameaças de natureza jurídica ao seu negócio. Exemplo: ¿que leis estão tràmitando atualmente no Congresso e que podem interessá-lo? ¿Como se defender delas?


Paralelamente às atividades contenciosas (processos, petições, recursos, etc.), os escritórios poderiam oferecer consultorias com “diferentes densidades” – desde um levantamento personalizado das leis que são do interesse do negócio do cliente, até um trabalho mais profundo de análise de fusões e aquisições de empresas (due diligence). A òrganização de congressos, prêmios, eventos, mutirões de serviços gratuitos e edições de manuais práticos com o direito traduzido para a linguagem do dia-a-dia, poderiam ter um impacto enorme também – tanto na pròmoção da cidadania como na divulgação do nome e da marca do escritório, em diferentes camadas da sociedade.


Portanto, o escritório poderá, ao mesmo tempo, detectar as ameaças jurídicas no horizonte do cliente e já vir com uma solução qualificada para o caso. É bom que os advogados entendam que os empresários não temem os custos – custos tornam-se lucros – e não temem a concorrência ou o consumidor – há algo de lúdico no espírito-animal que caça a presa (o cliente) e derrota o predador (o adversário). Os empresários temem antes os riscos! E hoje, neste país, não há riscos mais freqüentes aos produtores (empresários, comèrciantes, trabalhadores) que os oferecidos pela legislação soviética & kafkiana do Estado-Babá, apossado por uma quadrilha autoritária que já provou não ter limites.


A crescente interferência do Estado-Babá como paladino de minorias barulhentas, como engenheiro de corpos & mentes e como microgestor dos indivíduos, tornou-se a mais nova fronteira – importantíssima e inexplorada! – à atuação da justiça. Creio estarem aí as maiores ameaças aos direitos humanos – os direitos das pessoas comuns, sem pedigree ideológico. Afinal, este é o Estado que pode invadir sua casa para caçar um mosquito que ele-próprio foi incapaz de combater; é o Estado que dita como você deverá educar seus filhos; é o Estado que borra as fronteiras até-então nítidas & sagradas da ìntimidade e do anònimato; é o Estado que define o que você come, bebe, fuma, ouve, fala, pensa, vê e lê; é o Estado que pune o sucesso alheio com impostos, assédio judicial a falência. ¿Quer mais?


Estas não são ameaças quaisquer. Primeiro, porque elas não afetam grupelhos fàcilmente idèntificáveis pelo grunhido ideológico – o que exigirá uma nova abordagem. Segundo, porque suas vítimas não estão dispostas a tratar os “doutores” como “nhonhôs” dos quais devam esperar pão ou pau – o que exigirá uma nova linguagem. Terceiro, porque o vilão desta vez não é o mercado, mas sim o Estado-Leviatã – um ente com o qual os advogados mantêm uma relação demasiado próxima. Isso demandará a formação dum novo perfil de advogados e operadores – menos ligados ao Estado, menos submissos a governos, com os rabos menos presos a partidecos de extrema-esquerda ou a seus puxadinhos (OAB).


Reparem que os serviços de relações-públicas, consultoria jurídica e prospecção estratégica não fogem muito do core (a essência do negócio) dum escritório de advocacia. Uma equipe polivalente e talentosa de estagiários, umas cartilhas e protocolos-de-atendimento e alguns serviços gratuitos na Internet darão conta do recado. ¿Tudo-isso dá trabalho? Sim, dá trabalho! Mas a alternativa ao trabalho, claro, são o tráfico de drogas, de armas, de animais e de influência – este último, em ascensão. Acontece que o marxismo jeca que é ensinado hoje nas faculdades de Direito faz com que seus egressos enxerguem o rabo do capeta em qualquer coisa que se pareça com o mercado ou com a eficiência capitalista.


Um escritório bem-capitalizado, todavia, é o que garantiria que alguns dos seus serviços fossem oferecidos gratuitamente à população. Além disso, mesmo que voltado à defesa “gratuita” de direitos difusos, minorias choronas e “causas sociais”, um escritório bem-administrado tornar-se-ia uma máquina mais eficiente na consecução desses objetivos, atendendo a mais & mais pessoas, fazendo, portanto, crescer o cone de clientes em direção à base social. Há uma mania neste país de se satanizar o lucro honesto e se imaginar que coisas gratuitas brotam em árvores e devam ser de má-qualidade. O Direito tem condições – como fronteira não-desbravada por inovadores – de reverter essas heranças. ¿Que tal?


Até-mais-ver!


¿QUEM É JOHN GALT?

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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