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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 10

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 5 de mar. de 2016
  • 2 min de leitura

São Bernardo do Campo, 5 de Março de 2016.

Prezado Sérgio,


Já se passaram cinco meses desde sua última carta-consulta; e é com certo assombro que recebo suas notícias agora. Lembro-me que, àquela época, você tinha acabado de se graduar numa incubadora, e estava temeroso quanto à possibilidade de sobreviver sem esse amparo. Disse-lhe que suas prèocupações eram um tanto quanto infundadas, porque a expectativa de sobrevivência das startups incubadas chega a 85% em comparação às não-incubadas. Mas agora vejo, pela sua última carta, que eu estava errado.


Sabe, Sérgio, eu costumo dizer para meus alunos que o melhor momento de se procurar emprego é quando ainda se está empregado: a afobação é menor, o desespero é menor, a insegurança é menor. Entrevistadores farejam esses sentimentos; e eles costumam arruinar o desempenho dos càndidatos num processo seletivo. Além disso, estando num emprego e, portanto, mantendo-se a uma distância segura das chicotadas da necessidade, você tem mais calma para escolher o melhor emprego substituto...


Pois bem: com as startups incubadas é a mesma coisa. O melhor momento de se prèparar para o vôo solo pós-graduação é quando ainda se está incubado. E sabe, Sérgio, o recurso mais precioso que você poderia ter obtido na incubadora são os contatos, as parcerias, o apoio e o amparo de pessoas talentosas com interesses e atitudes comuns. Ok, eu sei: você aprendeu lá bastantes coisas – coisas que ninguém aprende na faculdade: fazer networking, gerir um negócio, sondar ameaças, prospectar oportunidades, etc.

Sim. Mas deixa eu lhe contar um segredo: todas essas coisas, por mais importantes e interessantes que elas sejam – e é claro que são –, você poderia ter aprendido num semestre intensivo de leituras e conversas com pessoas experientes. E note: até mesmo a segunda hipótese envolve contatos. Uma incubadora, caro Sérgio, assim como uma faculdade, não é um lugar para se aprender as matérias; é um lugar para se aprender as pessoas; não é um lugar para se fazer currículo; é um lugar para se fazer parcerias.


Muitos empreendedores incubados com os quais eu converso manifestam a mesma fé irresponsável dos alunos dos cursinhos: acham que, pelo simples fato de estarem ali, aprenderão tudo o que for importante por capilaridade – como uma esponja que absorve a umidade sem esforço algum. Isso não é incubação; isso é macumba! ou justificativa para o imòbilismo. O aprendizado é uma relação ativa com o conhecimento. Fazer contatos envolve ainda mais energia, porque as pessoas são livres para lhe dizer não.


Quando uma startup deixa sua incubadora e se aventura no mercado de gente-grande, é como se um anfíbio respirasse o ar atmosférico pela primeira vez. Claro: no caso do sapo, essa estréia é amparada por milhões de anos de evolução biológica. No caso duma startup, são apenas dois ou três anos de prèparo incipiente. Portanto, Sérgio, essa crise pela qual você está passando agora é o pedágio que você paga por não ter feito aquilo que deveria lá dentro: contatos! Claro: agora fica fácil eu lhe dizer isso; e você deve estar me xingando mentalmente por não lhe ter aconselhado. É que me pareceu óbvio demais.

Cuide-se!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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