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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 11

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 12 de mar. de 2016
  • 3 min de leitura

São Bernardo do Campo, 12 de Março de 2016.

Querida Roberta,

Atente para os sinais! Você me perguntou na mensagem até quando deveria levar a-diante um negócio quando percebe que ele não está rendendo o retorno que deveria. E eu lhe digo: atente para os sinais vitais dele. Saiba que uma startup pode ter dois tipos de morte: uma aguda, rápida, barulhenta e tumultuosa; e a outra crônica, lenta, silènciosa e tranqüila. A morte aguda é, sem sombra de dúvidas, a que menos traumas e dívidas deixa ao empreendedor. Inclusive, há uma frase sinistra na cultura startup que diz o mais-ou-menos o seguinte: “pague logo o carnê do azar: quebre rápido e muitas vezes”.


Geralmente, a morte aguda duma empresa acontece quando o empreendedor erra feio ao propor aos clientes valores que eles não percebem ou não desejam. Noutras palavras, a empresa morre com um não! – áspero & sonoro – do mercado. Você não criou valor; ninguém percebeu fàcilidades, ùtilidades ou novidades no seu produto ou serviço; seu segmento-de-mercado não era aquele em que você mirou; seus canais-de-vendas e distribuição não funcionaram; a abordagem não era aquela; a mensagem não era aquela, etc. Esse tipo de morte aguda torra pouco dinheiro e retorna com bastante aprendizado.


Empreendedores que tiveram quebras rápidas e repetidas no começo das suas carreiras, conseguiram, depois disso, construir empresas saùdáveis e prósperas. Contudo, Roberta, pelos sinais que posso ler da sua carta, difìcilmente sua consultoria terá um fim rápido. Pois diferente das estrelas, a morte duma startup não depende só do seu tamanho; depende também da conjuntura econômica – que é a pior das últimas décadas – e das atitudes do seu fundador diante dos sinais que a empresa emite perto da morte. Pois eu quero me ater a esses sinais, Roberta, pois acho que eles não estão sendo claros para você.

Para começo de conversa, uma empresa saudável deve conseguir sobreviver até o ponto-de-equilíbrio (o momento em que os custos operacionais se igualam aos lucros conseguidos) com os próprios recursos que ela gera; ou torrando o dinheiro que o empreendedor poupou para abri-la. A necessidade de injeção contínua de dinheiro do próprio bolso, ou – pior! – de empréstimos proibitivos com juros de agiota, é um péssimo sinal do estado-de-saúde do negócio. Financeiramente, uma startup deve ser vista como um sistema hermético, sem vasos comunicantes com os bolsos de outras pessoas. Isso foi um aviso para você!


Muitos empreendedores injetam dinheiro do próprio bolso (ou de bolsos alheios) na empresa apenas para que ela continue vivendo e ele não tenha de enfrentar o desgaste emocional de ir ao “enterro” da própria “criatura”. E a criatura continua lá – gemendo e definhando – aos olhos sádicos ou covardes do empreendedor que não quer desligar os aparelhos. Sabe, Roberta, eu sou favorável à eutanásia de empresas inviáveis. Acho que todo empreendedor deveria se prèparar para o momento em que não dá mais. Sua vaidade ou – como eu a chamo – seus “ciúmes de autoria” precisam ceder ao peso dos fatos.


Outros sinais costumam ser alarmantes: lucros que não cobrem os custos fixos; clientes que não voltam; fornecedores ou funcionários volúveis e arredios; ticket (gasto por cliente) pequeno demais; o ROI (o retorno sobre o dinheiro investido) desconhecido ou menor que o que você conseguiria no mercado financeiro (ações e títulos) e um ponto-de-equilíbrio que demora demais para ser atingido. O único equilíbrio que você encontrou, Roberta, foi entre seu entusiasmo e sua desesperança – ambos empatados na disputa pela sua decisão; cada qual empurrando-a no sentido de continuar ou desistir.


Coragem!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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