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CAPÍTULO 32: APRENDA A EMPREENDER DENTRO DO CERCADINHO

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 14 de mar. de 2016
  • 3 min de leitura

Minha tia já dizia: franquia é uma puta fria!


Olá! Você já assistiu à cena – se é que não foi seu ator. O palco: as catracas do metrô ou do trem. Atores: você e os outros. Por sadismo ou por logística (¿alguém percebe a diferença?), os funcionários daquela estação reservaram quase todas as catracas para o uso dos passageiros que embarcam; mas você quer desembarcar, quer sair para a rua. Há somente três catracas abertas para a saída. Todos os usuários que saem, passam apenas pelas duas catracas do cantinho, cuja seta verde convida sem equívocos para a saída. Mas a catraca do outro canto, contígua àquela que os usuários do embarque utilizam, continua livre, vaga. Ninguém se arrisca. Afinal, ¿aquela seta aponta para a direita ou para a esquerda?


Eis que um milagre acontece: um usuário lê corretamente a informação e se arrisca a passar pela catraca do cantinho – e consegue! Imediatamente, os passageiros do desembarque que vêm atrás seguem-no e também passam. Pronto: temos agora mais uma saída, mais um caminho de passagem. Ok: ele já estava lá, sempre esteve. Mas foi necessário que alguém o observasse e se arriscasse. Pois este é um exemplo minúsculo de comportamento empreendedor. Eis um pioneiro. A ele toda a honra & toda a glória. Os que o seguiram não correram riscos, não abriram novos caminhos, não geraram inovações, não criaram valor, só vàlidaram uma iniciativa. Eles não são empreendedores, eles são sim oportunistas.


Que não se leia uma conotação negativa na palavra oportunista usada acima. O oportunista é simplesmente aquele que aproveita uma oportunidade, sem necessàriamente tê-la criado ele-mesmo. É o piloto que segue o vaco do líder da corrida; é o explorador que acompanha a picada aberta pelo pioneiro na floresta; é o imitador ou o sucedâneo que pirateia uma inovação tecnológica. Enfim: esta é a segunda onda dos entrantes. E assim como as ondas, elas podem ser importantes na produção duma massa-crítica e duma malha de apoio social (componentes, fornecedores, consumidores, adotantes, etc.) aos pioneiros ou aos usuários. Mas que fique claro: eles não criam valor novo – a-menos que ofereçam alternativas.


Pois assim são as franquias! (¿Você achou que eu tinha encerrado esse assunto? Nunca!) Franquias são modelos-de-negócio prontos, devidamente testados & aprovados pelo mercado consumidor, com a vantagem duma marca consagrada & conhecida por trás, oferecendo como bônus todo o suporte logístico, operacional e publicitário aos franqueados... e com aquela vantagem que fascina todo brasileiro: o prestígio de ser chicoteado por um sinhòzinho poderoso & conhecido – quem sabe, benèvolente. Mas voltando à cena da catraca: se o pioneiro que arriscou a integridade da sua coxa passando primeiro cobrasse uma taxa de 15% dos seguintes por sua descoberta, teríamos aí um modelo de franquia se formando.


Guardadas as devidas proporções, o franqueado está para o verdadeiro empreendedor assim como o servidor público está para o assalàriado tradicional – que ao menos se arrisca à demissão. Você pode achar que minha análise é cruel. (Assim como eu posso achar que sua opinião é ingênua ou suspeita). Afinal, somos atendidos por franquias honestas todos os dias. É possível que sua roupa tenha sido lavada e seu almoço tenha sido feito por elas. É possível que uma franquia dê banhos em seu cachorro e faça a segurança do seu escritório. São coisas que alguém precisa fazer. Mas não é porque alguém precise fazer que este alguém deva ser você. Alguém precisa limpar esgotos, consertar torres elétricas, exumar defuntos...


Por muito tempo, as franquias foram festejadas como uma opção de baixo risco para os aspirantes a empreendedor. O que ninguém explicou ainda é como um iniciante pode arcar com as pequenas fortunas exigidas como aporte inicial pelas principais franquias. Se ao menos as promessas de baixos riscos fossem verdadeiras... Mas como eu disse no capítulo anterior, unidades falidas duma franquia podem ser transferidas para outro pròprietário, o que mascara os reais índices de quebra da marca. Outra vantagem tão zabumbada – o uso de modelos-de-negócio já vàlidados pelo mercado – pode ser um tiro-no-pé (ou jaula-de-ferro) caso você precise fazer adaptações urgentes do negócio àquela clientela específica.


¿E vocês acham que eu acabei? Não! Franquias criam barreiras-de-entrada contra a inovação, ao venderem negócios como blocos-de-montar. Elas bloqueiam o instinto capitalista dos franquiados ao oferecerem modelos-de-negócio prontos àquelas crianças medrosas que gostam de brincar em cercadinhos de condomínio e, quando se arranham na gangorra, pedem para a empregada passar mertiolate que não arde. Franquias – enfim – são uma modalidade empreendedora de baixíssima intensidade, arriscadas, caras, presas num garrote de royalties, sem liberdade para a inovação, dependentes de funcionários desmotivados, com pouca formação e alta rotatividade. ¿E vocês ainda acham que isso é um bom negócio? Boa sorte!


Até-mais-ver!


¿QUEM É JOHN GALT?

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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