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CAPÍTULO 33: INTRAEMPREENDEDORISMO: APRENDA A BOXEAR FACAS

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 21 de mar. de 2016
  • 4 min de leitura

¿Você já ouviu falar em intraempreendedorismo? ¿Não? Então sossega essa pitomba, porque você não perdeu nada!


Olá, limítrofes acima da média! ¿Como têm passado nos testes pscicoécnicos da coexistência? Eu estou de DP. E continuando minha série de capítulos sobre formas idiotas de empreender e se arrebentar (lembrem que na semana passada eu falei das franquias), quero tratar hoje dum negócio chamado intraempreendedorismo. A palavra é tão longa quanto a confusão que você arranjará para si-mesmo pondo-a em prática. Em poucas palavras, intraempreendedorismo é uma maneira de se aproveitar dos talentos internos da empresa e estimular a inovação entre os funcionários, dando-lhes maior liberdade e iniciativa para a inovação em projetos próprios, com orçamento específico. Esta é uma das interfaces de captação de novas idéias dos funcionários operacionais, com a diferença de lhes garantir, além de voz & vez, liberdade e orçamento para implementá-las.


Então tá. Parece bom no papel. A pergunta que eu faço, porém, ¿é quanto tempo levará para que essas lindas intenções libertárias batam de-frente com a burocracia, a hierarquia e a política interna da empresa? Hein? Resta saber ainda quanto tempo levará para que uma massa-crítica de falhas, embaraços, pecadilhos e prejuízos — que são inevitáveis e até necessários numa startup testando um negócio inédito — destruam a reputação do funcionário-empreendedor, voltando contra ele toda a fúria titânica daqueles que, entre a segurança duma estrutura definida e a esperança duma vantagem apenas vislumbrada, não hesitarão em sacrificar a segunda em nome da primeira. Então, por motivos que explicarei, considero o intraempreendedorismo uma idéia dum cinismo e idiotice atrozes , porque ignora os obstáculos óbvios para a sua plena realização. Então vejamos.


As òrganizações são grupos de pessoas que gerem recursos com vistas a um objetivo em comum: o retorno do dinheiro investido em forma de lucro, através da venda de produtos ou serviços. ¿Certo? Desta simples definição surgem dois problemas: 1) ¿qual é a melhor maneira (a mais eficiente e econômica) de consumir aqueles recursos de modo a màximizar seus resultados? e 2) ¿como é que tais grupos de pessoas — que podemos suspeitar que são bem diferentes em seus talentos & origens — conseguirão se òrganizar com vistas a um objetivo em comum? Para responder à primeira pergunra, foram criadas as ferramentas de gestão de coisas — logística, estoques, controle estatístico, contabilidade, manutenção , etc. E para o segundo conjunto de problemas, foram criadas ferramentas de gestão de pessoas: ergonomia, liderança, motivação, comunicação empresarial, etc.


Acontece que a gestão daqueles recursos está sempre exposta a um conjunto inumerável de vàriáveis, incógnitas e surpresas. Numa única palavra: riscos! Certo: a única maneira de convencer uma empresa a aceitar riscos altos é permiti-la cobrar lucros também altos. O problema é que os lucros incidem nos preços; e não é garantido que os consumidores acompanharão você nessa aventurazinha. O risco é seu; e seus clientes não aceitarão pagar por ele, a-menos que esse risco se lhes apresente sob a máscara duma vantagem (valor). Por isso, as òrganizações inventaram a burocracia. A burocracia visa a elaboração de protocolos que, ao criarem rotinas, padrões e controles, mìnimizam ou elimiram os imprevistos, as incertezas, as vàriações, os pontos fora da curva — enfim — os riscos! Engenheiros e administradores são pagos para isso: eliminar ou reduzir riscos!


Certo. Mas adivinhem só o que o funcionário-empreendedor (criativo, inovador, inquieto) vai reintroduzir na organização... Isso mesmo: riscos! Riscos e mais riscos sob a forma de projetos inéditos, novas linhas de produtos e serviços, novos arranjos e parceiros, além de muita loucura & curtição com uma galerinha do barulho que se amarra num agito! Assim, a questão que se coloca é: ¿até onde a empresa está disposta a ir relativizando seus procedimentos, flexibilizando sua burocracia (e expondo-se a riscos) para permitir que um doidivanas faça experiências com curiosidades tecnológicas? Além disso, ¿até onde o funcionário-empreendedor (o intraempreendedor) estará disposto a esmurrar pontas de facas a troco de nada ou quase-nada? Dito de outro modo, se ele não tiver claro até onde terá carta-branca para agir e com que apoios poderá contar, nada feito!


Isso nos leva à questão de como remunerar e estimular o desenvolvimento de intraempreendedores. É sabido que os empreendedores são vocacionados, quer dizer, só realizam algo quando e enquanto gostam daquilo. Sua principal satisfação é com a realização dum propósito, com o livre curso do seu poder criativo. Tire a satisfação dum empreendedor, e ele desaparecerá; substitua sua satisfação por um pagamento, e ele vai se torna um cínico. O problema é que a satisfação não é uma grandeza mensurável. Uma coisa é acertar 'x' reais de salário por 'y' horas de trabalho; outra coisa bem diferente (e arriscada) é ficar à mercê dos sentimentos insondáveis e càmbiantes dum funcionário com relação ao seu trabalho. É por isso que as òrganizações preferem lidar com profissionais, e não com vocacionados. Mas o diabo é que bons "profissionais" raramente são bons empreendores.


¿O que fazer? Se, da perspectiva do empregador, o intraempreendedorismo é uma cilada, pois traz de-volta para a organização os elementos-surpresa que a burocracia se esforçou por conjurar, da perspectiva do funcionário, o intraempreendedorismo (ô palavra ruim para digitar!) não é muito melhor, uma vez que o empregado correrá quase todos os riscos do empreendedor tradicional, mas sem colher seus louros (a aventura, os lucros, a satisfação). Pior: perturbando os procedimentos, desagradando a hierarquia, expondo-se a riscos e perdas, o funcionário-empreendedor estará pondo em jogo o único capital que ele tem para emprenhar: seu próprio emprego! Então, ¿qual é a vantagem dessa palhaçada? Para a firma, ela promete inovação rápida & barata; para o peão, ela ergue uma saborosa cenoura diante dos seus olhos. Mas acrèditem: há formas melhores de se conseguir ambas as coisas.


Até-mais-ver!


¿QUEM É JOHN GALT?

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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