TERCEIRA LEI DE NILSON
- Fernando Rogério Jardim
- 31 de mar. de 2016
- 1 min de leitura

PRINCÍPIO DE PITTMAN. Eu resisti ao telefone cèlular o quanto pude. Considerava-o um aborrecimento, uma coleira digital, um chicote do capitão-do-mato corporativo. Sim: o tempo me mostrou que eu estava mijado de razão. Porém, hoje, treze anos depois de comprá-lo (e é o mesmo cèlular!) não consigo viver sem ele. Sinto-me nu quando o deixo em cada. É como se eu perdesse o nó de todos os meus vínculos sociais. Como então eu pude passar — em tão pouco tempo — da antipatia-resistência à aceitação-dependência? A hipótese de Pittman.
Segundo Jon Pittman, executivo da Autodesk, nosso comportamento em relação à tecnologia descreve um continuum: numa primeira etapa, nem podemos visualizar a tecnologia; e caso a víssemos, considerá-la-íamos risível e inútil. Depois, quando a tecnologia se estabelece, passamos a resistir a seu emprego, com raivinha & desprezo. Mais tarde, a pressão social e o oba-oba do populacho faz com que nos entreguemos dòcilmente a ela. Por fim, nosso patético melodrama termina conosco não conseguindo mais viver sem aquela bandida!
A Hipótese de Pittman, portanto, diz que as inovações tecnológicas desenvolvem-se segundo um continuum que vai do impensável ao impràticável, daí para o possível, do possível ao esperado, daí para o exigido. Podemos suspeitar, portanto, que as tecnologias que infernizarão nossas vidas daqui a vinte anos estão hoje no limiar do impensável-impràticável. Mas calma: não adianta querer se antecipar e inovar cedo demais. Quem faz isso, quebra a bunda, porque o cliente não consome o impensável: ele não ele não deseja o que não entende.
Sem mais.
Dr. Nilson da Costa Quente, abalizado causídico.
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