DICA DE LEITURA 25

Olá, dependentes químicos do próprio fracasso! ¿Como vai esse tropicão na estrada asfaltada que vai do nada ao nada? Então tá bom! Vejam: empreender e não falir é como andar de moto e não cair; é como dirigir uma autarquia municipal e não prèvaricar com os comparsas; é como namorar à-distância e não pular-a-cerca. Nossa vida tem sòmente três certezas: a morte, as taxas e, se você for empreendedor ou microempresário, a falência. Quem ainda não faliu, falirá; é quem não faliria, fali-lo-iam. Bom, acho que vocês já entenderam tudo direitinho. Por isso, uma das regras áureas do empreendedorismo é: aposte baixo, comece pequeno!

¿E que tal começar com R$ 100,00? Este é o conceito de micrinegócio defendido pelo instigante, excelente, inspirador, admirável, prático e denso livrinho de Chris Guillebeau: "A startup de $100: abra o negócio dos seus sonhos e reinvente a forma de ganhar a vida." O título tem aquele apelo cínico e zabumbado dos blockgusters de negócios e finanças. O título é infeliz sim; mas devo-lhes confessar uma coisinha: senti-me muito feliz lendo esse livro. Sim: esta é uma afirmação estranha vinda de mim, e ouvida por quem me conhece. Empolgar-se com um livro de negócios é como apaixonar-se pelo Código Tributário. Mas este livro me empolgou realmente.

E me empolgou por um motivo bacana: Guillebeau nos oferece uma bomba calórica de informações absolutamente práticas e concretas. O texto é cheio daquilo que eu chamo de maquiavelismo benevolente: uma esperteza estratégica a-respeito de como obter vantagens honestas nos negócios, esforçando-se por oferecer o melhor de si. Estruturalmente, o livro é um caos. Não há uma separação ou seqüência nítida entre os temas. O autor tenta criar um passo-a-passo para a montagem do micronegócio. A fluidez do texto, porém, e a quantidade admirável de exemplos, dicas e dados úteis (contendo números!) compensam qualquer defeito didático.

O micronegócio não é exatamente o perfil de empreendedor que o Start-Aspas orienta. Um micronegócio é um modelo do tipo siga-seu-hobby, tem um aporte inicial baixo, com baixa complexidade tecnológica, oferece uma renda líquida de pelo-menos US$ 50.000,00 anuais, com menos de cinco pessoas na equipe. O nosso foco, porém, é o empreendedor universitário, com alguma pegada de inovação tecnológica. Entretanto, as dicas de Guillebeau são totalmente pertinentes e utilizáveis em qualquer pequena empresa. Pode-se dizer, com isso, que Guillebrau usou as táticas da srtartup enxuta e as adaptou para negócios ainda mais simples, baratos e enxutos.

Aliás, é inevitável traçar paralelos entre "A startup de $100" e "Nunca procure emprego", de Scott Gerber, já vivamente recomendado aqui (clique). Ambos têm aquele estilo que tanto me agrada: empreenda como mochileiro! faça das tripas sua ponte-de-safena! Ambos evitam a superfìcialidade motivacional (meio tola, meio cínica) ao estilo de Justin Herald e vão direto ao ponto, com informações do tipo pegue-e-aplique. Então, dum plano-de-negócio de setenta páginas, reduzimos o blablablá para uma simples proposta: um valor pelo qual as pessoas estejam dispostas a lhe pagar, um grupo de pessoas dispostas a pagar por isso e um meio pelo qual você receberá esse dinheiro. Só!

Boa leitura e até-mais-ver!

GUILLEBEAU, Chris. "A startup de $100: abra o negócio dos seus sonhos e reinvente sua forma de ganhar a vida". São Paulo: Saraiva, 2013. 240 páginas.

DEPOIMENTOS:

"Deixa eu ver se eu entendi: quer dizer que, com metade do meu salário, eu poderia virar meu próprio patrão? Pena que eu terei de trabalhar por dez..."

Coronel Belisário Obelisco, militar da reserva e consultor do estoque.

"A diferença duma startup de cem reais para uma startup de cem mil reais é a altura da ponte da qual você estará se atirando com a corda no pescoço."

Doutor Bilioso Trôpego, tarólogo, sensitivo e analista financeiro.

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