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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 15

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 9 de abr. de 2016
  • 2 min de leitura

São Bernardo do Campo, 9 de abril de 2016.

Prezado Henrique,


Sabe... algumas doenças fazem com que o paciente delire antes da morte; e algumas crises fazem com que o empreendedor delire antes da quebra. ¿Será que é isso o que está acontecendo com você, meu caro? ¿Você tem noção da encrenca em que está se metendo dobrando a aposta dum negócio já condenado? Sua carta acendeu um sinal amarelho em mim; e eu fico surpreso por saber que o conteúdo nela relatado não tenha acendido um sinal vermelho em você. Puta que nos pariu, Henrique! Vejamos...


Pelo que eu entendi, você abriu uma loja de montagem & manutenção de computadores, tendo seu colega da faculdade como sócio. O negócio vai mal das pernas, estando à beira da falência. Na mensagem, você culpa a crise econômica por isso. Mas olha, Henrique, sem conhecê-lo pessoalmente, apenas baseando-me nas pistas que você foi largando pelo texto, eu posso lhe assegurar que o motivo da sua quebra iminente não tem nada-a-ver com essa crise. Pelo-menos, não totalmente. Mas deixemos isso para depois.


Daí você me diz que, já sem crédito na praça, prètende contrair um empréstimo de R$ 30 mil com uma financeira para "capitalizar" seu negócio. Mas Henrique, ¿você fumou orégano ou salsinha? ¿Você tem idéia dos juros cobrados por essas financeiras picaretas? Pois eu lhe digo: são maiores que os juros cobrados no cheque-especial! Isso é agiotagem pura! Certo: é agiotagem legal; mas é agiotagem mesmo-assim! E tem mais: ¿o que lhe garante que esse "remédio" vai salvar um "paciente" quase morto?



Meu caro, esse empréstimo não só será inútil para salvar sua empresa, como ele ainda vai arrastar você e seu sócio para o buraco juntos. Dependendo do arranjo societário — ¿você sabe do que eu estou falando? — que você e seu sócio fizeram para abrir esse negócio, vocês poderão responder judicialmente (como pessoas físicas) por qualquer prejuízo causado a clientes, funcionários, fornecedores ou investidores que se sentirem lesados por esses dois lesados que são vocês! E quanto maior o rombo, maior a encrenca.


Henrique, eu detesto ser o mensageiro de más notícias, mas... cara, eu acho que é o fim-da-linha. Pare de cavar sua cova! Tenha aquela conversa com seu sócio. Feche as portas! Junte os cacos, aprenda com os erros, recupere-se e recomece algo novo depois. Em poucas palavras, meu conselho é o seguinte: reconheça que você faliu; prèpare-se com dignidade para sair do ringue. Coloque tudo no papel. Faça todas as contas! Não tenha medo de descobrir a verdade. Pague tudo a todos! Não deixe rabos para trás.


É melhor descobrir toda a encrenca agora, enquanto ela ainda é contornável, do que vê-la depois arrombando a porta com estrépito e vestida de fatalidade. ¿Sabe quando você tropeça, perde o equlíbrio e sabe que a dor da queda será inevitável? Naquele milissegundo fatídico, antes do chão, você fecha os olhos. Pois bem, Henrique: você não poderá fazer o mesmo com sua empresa. Isso seria pior. Salde rigorosamente todas as dívidas. Não seixe ninguém sem dinheiro. Levante-se e recomece. Porque, desta feita, acabou!

Tome tenência, general!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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