CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 16
- Fernando Rogério Jardim
- 16 de abr. de 2016
- 2 min de leitura
São Bernardo do Campo, 16 de abril de 2016.
Prezada Camila,
Lá vem você me comprometer com meus atuais e futuros patrões, né? Mas a resposta é não: não é preciso cursar uma faculdade para começar a empreender. A história está repleta de empreendedores multibilionários que não cursaram faculdade alguma; ou largaram-na pela metade; ou não exerceram as profissões aprendidas. Bill Gares é apenas o exemplo mais saliente, mas há vários casos assim. Empreender se aprende empreendendo.
Vamos fazer uma conta básica, Camila. Suponhamos que você gaste R$ 1000,00 por mês num bom curso universitário — sei lá: de administração, de direito, de engenharia. São quatro ou cinco anos de curso, certo? Façamos então o cálculo com quatro anos e meio. Isso dará R$ 54.000,00 no total. Inclua aí livros, xerox, transporte, alimentação, outros cursos, DPs, rematrículas... e ese valor poderá chegar fàcilmente a R$ 100.000,00!
Na pior das hipóteses, esse é o preço duma franquia! Então — você deve estar se perguntando — ¿faculdades são inúteis? Se seu objetivo é empreender, a resposta é um sonoro sim! As hàbilidades e conhecimentos que você adquirirá numa faculdade vão transformá-la numa excelente funcionária em empresas maduras, porque a totalidade dessas hàbilidades e conhecimentos dirão respeito a rotinas e padrões.

O problema é que rotinas e padrões são as coisas que você menos encontrará no dia-a-dia duma startup. E aquilo que você realmente precisará saber para geri-la, ou não é ensinado nos bancos escolares, ou está acessível em fontes muito mais rápidas e gratuitas — como o blog Start-Aspas, por exemplo. A faculdade é um excelente laboratório para se conhecer pessoas, Camila; não coisas. Coisas você conhece na Internet ou na vida prática.
As faculdades, por exemplo, não a ensinarão a negòciar e vender seu peixe, a persuadir e convencer pessoas, a lidar com sua saúde mental e finanças, a alinhavar interesses, a pesquisar e garimpar conhecimento, a treinar sua mente, a corrigir sua conduta, a criar sua marca pessoal, a forma e liderar equipes, a poupar e investir — enfim — a empreender! As faculdades continuam certificando funcionários para a primeira metade do século XX.
Em suma: o ambiente acadêmico vai transformá-la numa engrenagem calibrada para funcionar numa máquina já constituída; mas não vai prepará-la para construir você-mesma sua máquina. Essas hàbilidadfes são incompatíveis, e a aquisição delas nos bancos escolares hão de lhe inculcar vícios que poderão atrapalhá-la em sua própria empresa. E isso é uma pena: há um homem ou mulher de sucesso escondido atrás de cada empregado mixuruca.
Saudações,
Fernando.
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