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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 17

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 23 de abr. de 2016
  • 2 min de leitura

São Bernardo do Campo, 23 de abril de 2016.

Caro Artur,


Vamos por partes. Essa insanidade que você chama de plano-de-negócio, remetida a mim pelo correio junto com sua carta, é mesmo um assombro! Cara, se eu não perdi a conta, há ali seis negócios diferentes, em quatro setores distintos, cada qual com uma infinidade de processos que, sòzinhos, já seriam suficientes para deixá-lo maluco com a quantidade de vàriáveis envolvidas — isto se você já não recebeu, nesse meio-tempo, um atestado de maluco por escrever esse disparate.


Deixa eu ver se entendi direito. Você quer criar um portal de finanças pessoais voltado ao público universitário. Por meio dele, você quer ministrar cursos online para pequenos investidores, acompanhado dum pacote que envolve o oferecimento de consultoria para microempresas e softwares de finanças, em parceria com incubadoras e empresas juniores. Ufa! ¿Eu esqueci alguma coisa? ¿Não? Então, deixa eu lhe dizer um negócio muito bacana, Artur: vá para o inferno, moleque!


Foco, meu caro! Escolha e mantenha um foco! Um erro muito comum aos jovens empreendedores é desejar abraçar o mundo com sua inovação, criando uma panacéia universal. A dificuldade de definir o quê exatamente oferecer ao mercado faz com que o empresário estreante tente inovar (ou chamar a atenção) adicionando penduricalhos à mercadoria — penduricalhos estes que o cliente não demandou, que só vão encarecer seus processos, que só vão adiar sua estréia.


A tentativa de abraçar o mundo, Artur, só o fará beixar a lona. A primeiríssima coisa que eu faria no seu lugar é definir seu alvo, enxugando ao máximo toda essa miríade de tarefas que você listou em seu plano insano. Para isso, você poderia usar dois critérios infalíveis: 1) ¿qual é o problema que mais me irrita, e cuja solução iria me dar uma tremenda felicidade; e 2) ¿qual é o produto ou o serviço cujo protótipo eu teria condições de entregar ao cliente em apenas seis meses ou menos?


Foco, Artur! Foco, porra! ¿Com quê produto ou serviço você poderia começar a ganhar dinheiro já? ¿Que problema ou impecilho o deixa mais aperreado? É assim que começam os negócios de sucesso. Claro: nada impede — e eu inclusive o aconselho — a pensar em seu "império da paz financeira" como um brinquedo de montagem, cujos blocos são essas idéias que você botou no plano. Mas Artur, você precisa começar pela primeira carreira de blocos, certo? Ou não vai terminar nunca, certo?


Eu sempre peço aos meus alunos que desenvolvam aquilo que eu chamno de mira difusa, quer dizer, você vai apontar para um alvo específico sim, mas vai continuar mantendo alguma visão periférica, de modo a enxergar tudo o que acontecer ao seu redor. E quando for necessária uma pivòtagem, quer dizer, uma mudança de ângulo de mira, bastará você girar os quadris e atirar. Mas você, Artur, está girando feito uma carrapeta, uma biruta no furacão. Você precisa, antes de tudo, dum alvo!

Até-mais-ver!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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