DESAFIOZINHO 29
- Fernando Rogério Jardim
- 13 de mai. de 2016
- 4 min de leitura
Olá, andróides e andróginos! Vocês já repararam que as últimas (e já antecipo que também as próximas) ferramentas estratégicas deste blog de meu-deus vêm tratando de design thinking, que poderíamos traduzir como modelagem de inovações. A ferramenta pùblicada aqui na última quinta (na verdade, no sábado, atrasada) visa òrganizar as informações que você poderá obter dos seus clientes, com vistas a priorizar as soluções que seu produto ou serviço poderá lhes oferecer. Nunca se esqueça: cada ato de compra gera uma hecatombe de informações interessantes, que poderão ser posteriormente processadas e incorporadas às futuras versões da sua proposta. O feedback do seu cliente vale ouro. E caso o sujeito em questão ainda não for seu cliente, tanto melhor! Conheça suas sofrimentos, frustrações, incertezas, para depois não criar uma "solução" que ele ignorará.
Pois muito que ótimo! Pròponho-lhe então este interessante desafiozinho — sim, este vale um livro! Você trabalha numa imòbiliária ao lado duma incubadora-de-empresas. Sua equipe é jovem, diferente daquela velharada fumante & pançuda que não-raro compõe o pessoal das imòbiliárias pelo-mundo-afora. Sua imòbiliária quer inovar, quer se destacar no mercado com inovações. Essa coisa de páginas-amarelas e jornais com ofertas de casas não está com nada! Você já sondou e descobriu em pesquisas anteriores que seus clientes são conectados: 87% deles têm acesso à Internet, dentre os quais, 73% acessam pelos cèlulares. Hum... Ótimo! Mas você não está suficiente com esse levantamento quantitativo. Você quer conhecer mais de-perto as dores & delícias do cliente de carne-e-osso; quer fazer uma pesquisa qualitativa com entrevistas, observações, etnografia...
Você pode não sabes, mas estas são ferramentas do design thinking. Então, beleza! Você chama seu irmão maconheiro & comunista que faz ciências sociais. Ele então bola um roteirinho de entrevista para você fazer com Florisvaldo Boquirroto — um cliente típico, como muitos dos que você tem em sua agenda. Florisvaldo Boquirroto está procurando apartamento para alugar. Logo no primeiro encontro, ele demonstra ser um excelente informante: fala mais-que-a-boca, é sincero e desbocado. Ótimo! É disso que você precisa. A conversa com Florisvaldo começa, e o cara desce a lenha: 1) "As imòbiliárias escondem o endereço dos imóveis, para a gente ficar dependendo delas para tudo. Não adianta: se tem as fotos, se tem o bairro e se o fotógrafo deixou passar o nome do prédio ou algum ponto-de-referência, a gente descobre onde fica; e dependendo da localização, já descarta."
Parece que Florisvaldo Boquirroto não gosta que lhe soneguem informações. Mas, mesmo assim, ele tem os próprios meios para consegui-las: o Google Maps! Noutro trecho da entrevista, ele desconjura: 2) "O pior é quando a gente vê um apartamento no site da imòbiliária, telefona, a atendente diz que o imóvel está disponível, mas quando a gente chega lá, já tem interessado, reservado, sei lá! Os caras não atualizam as informações! Às vezes, o imóvel já foi até alugado, mas ainda aparece como disponível — para mim e, pelo visto, para o sistema deles também. Isso faz a gente perder tempo, e gera uma frustração miserável!" Eu entendo Florisvaldo Boquirroto: você se interessa por um imóvel; telefona para eles; eles confirmam a vacância do apartamento mas, chegando lá, dizem que já tem reserva e tentam lhe empurrar outra coisa num bairro nada-a-ver.
Noutro trecho, ele diz: 3) "Sim, é burocrático... é chato pra cacete! Mas a gente já sabe quais são os documentos necessários e, quando o contrato está vencendo, já deixa tudo pronto para a próxima locação. Tudo certo. Mas o ruim mesmo é o desencontro de informações, como eu disse. A gente agenda a visita ao imóvel e o dono não está; ou o porteiro não autoriza a entrada, porque não foi avisado pela imòbiliária ou pelo plantonista... Quando não, o valor da locação é um no site; mas daí quando o locador vai ver, já aumentou, e eles não atualizaram a informação." Acho que o leitor esperto do Start-Aspas já começou a notar um certo padrão nas respostas de Florisvaldo Boquirroto, não? Já dá para reunir os dados: indivíduo conectado à Internet, usuário intensivo de cèlulares, procurando apartamento, reclamando de falta de transparência, precisando de informações atualizadas...
¿Você está pensando o que eu estou pensando, leitor? É... pena que eles não vendam meias tão coloridas! O desafio é o seguinte: 1) Complete o quadro das tarefas do cliente abaixo, com as tarefas b, c, d e e. Não precisa mandar imagem; é possível responder tudo-isso com texto. 2) Tendo como base os trechos da entrevista com Florisvaldo Boquirroto, atribua uma pontuação de 1 a 3 a às demais tarefas que você-mesmo listou. 3) Após somar os pontos, defina qual tarefa do cliente é a mais importante para ser satisfeita por sua inovação. 4) Crie uma idéia, envolvendo cèlulares e Internet, para resolver a vida de pessoas como Florisvaldo Boquirroto. Não precisa de grandes detalhes. Só me diga como você lucrará com esse negócio. Vá pensando na resposta. Na próxima postagem, eu porei aqui as regrinhas da pròmoção. Não reclamem: é um desafio tinhoso, mas fácil.
Até-mais-ver!

Tabulação dos dados da entrevista com Florisvaldo Boquirroto.
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