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DICA DE LEITURA 32

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 25 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

Olá, éguas de Tróia! Vocês conhecem a cena – como vítimas ou como algozes dela. O chefinho da empresa faz anos. E você, o convidado sem-noção, quer impressioná-lo com um presentinho espetàculoso. Mas trata-se do chefe da matriz. Você não conhece nada do cara – seu perfil, gostos pessoais, simpatias, antipatias... nada! Se você usasse a cabeça, sairia pela tangente com um presente genérico: uma caneta bacana, um livro de como ficar rico demitindo adoidado, uma gravata neutra (se ele usa), etc. Mas não! Você quer marcar-pontos com o chefinho; você quer quebrar-a-banca. Sabe, você é um puxa-saco!


Chega o grande dia. Você – sorridente & retardado – entrega o presente para o chefinho. Ele abre a caixa, faz aquela cara de cachorro que acabou de ser estuprado pelo mendigo, dá um sorrisinho de Duchenne, agradece de maneira protocolar e encosta o embrulho. Para um bom entendedor da política corporativa, seu emprego corre sério perigo. Trazendo essa história para o mundo dos negócios, ela fica assim: antes, você não se prèocupou em conhecer os desejos & problemas do cliente; depois, você não foi capaz de captar suas reações ao produto ou serviço. Resultado: fracasso. Sabe, você é um tosco!


Nos negócios, esse problema é mais freqüente e suas conseqüências são mais catastróficas do que supõe vosso vão modelo-de-negócio. Investir centenas de horas em planejamento e protòtipagem, milhares de reais em matéria-prima e pessoal, para depois entregar ao cliente uma proposta que ele rejeitará ou ignorará, hum... é inadmissível. Grandes empresas têm gordura suficiente para queimar em projetos fracassados. Elas até esperam que, a cada cinco fiascos, uma penicilina, um transístor ou um Facebook seja inventado. Mas você, ó microscópico empreendedor, tem pouco espaço para errar.


Então, aqui é hora de repetir meu mantra: comece pequeno, barato e simples; erre muito e logo no início; quebre perdendo pouco e aprenda depressa. Este é o princípio da startup enxuta de Eric Ries... e também é o espírito do design thinking. O design thinking é um conjunto de ferramentas que misturam abordagens intuitivas (das ciências humanas) com abordagens analíticas (das ciências exatas), voltadas à modelagem de inovações, por meio da consulta aos clientes desde as primeiras fases do protótipo e do projeto, buscando, com isto, um encaixe perfeito entre o negócio e os desejos do cliente.


Essas ferramentas são brilhantemente resumidas, discutidas e explicadas no livro “Design thinking e thinking design: metodologia, ferramentas e reflexões sobre o tema”, de Adriana Melo e Ricardo Abelheira. Como obra sobre design, esta não deixa a-desejar em seu projeto gráfico. Claro: nada que se compare às verdadeiras obras-de-arte èditadas pela turma da Strategyzer. Mas diagramação e as ilustrações, em tons de azul e cinza, são agradáveis, intuitivas e bastante didáticas. A primeira surpresa: o índice do livro está na! Isso parece bobo; mas confesso que fiquei surpreso com a solução.


A estrtutura é que deixa a desejar. Embora o livro seja dividido em três partes bem definidas – história e escolas de design (págs. 14-31); metodologia e ferramentas do design thinking (págs. 32-139) e reflexões sobre essa abordagem (págs. 140-196) – tem-se a impressão que alguns assuntos se repetem, aparecem em momentos inoportunos ou poderiam estar em outras seções. Segundo os autores, o design thinking possui três etapas: 1) imersão, visando entender os desejos dos clientes; 2) ideação, visando levantar o máximo possível de hipóteses; e 3) protòtipagem, onde essas hipóteses são testadas.


O ponto alto do livro, sem dúvida nenhuma, é o conjunto de ferramentas apresentado, que contempla uma bela gama de alternativas para a modelagem de inovações. São elas: a investigação, a observação, a entrevista, a netnografia, a jornada do usuário, a personificação, o psicodrama, o storytelling, o enquadramento, o brainstorming, o protótipo conduzido pelos usuários, o protótipo de simulação, os testes com grupos focais, a cocriação, a captura de feedbacks, o MESCRAI (Modifique, Elimine, Substitua, Combine, Rearranje, Adapte e Inverta) e o TRIZ (Teoria de Soluções para Problemas Inventivos).

São ferramentas indispensáveis para uma empresa que prètende protòtipar sem sofrimento, aprender depressa, iterar rápido e criar um produto ou serviço que realmente satisfaça as expectativas dos consumidores. Portanto, crianças, da próxima vez que vocês convidarem um coleguinha para sua startup, chamem alguém das ciências humanas e abasteça-o com uma generosa provisão de maconha. Depois, dê-lhe problemas estéticos e intuitivos para resolver. Na melhor hipótese, você terá uma visão fora-da-caixa sobre o mundo; na pior hipótese, o gerente da biqueira invadirá sua reunião cobrando dívidas.


Até-mais-ver!


MELO, Adriana & ABELHEIRA, Ricardo. "Design thinking e thinking design: metodologia, ferramentas e reflexões sobre o tema." São Paulo: Novatec, 2015. 203 páginas. R$ 55,00.



DEPOIMENTOS:

"Se Henry Ford tivesse empregado o design thinking em suas fábricas, ele teria produzido carroças mais velozes, e não carros."


Mestre Gonçalo Ripadas, coach espírita e guru quântico.


"Eu sempre achei que a influência má das ciências humanas causaria danos sérios às engenharias. Vejam só: eu estava certo!"


Professor Claudionor Claudicante, arquiteto e massagista.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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