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DICA DE (NÃO-)LEITURA 34

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 8 de jun. de 2016
  • 5 min de leitura

Olá, órfãos inconsoláveis & estadocratas da Mamãe Dilmãe! Voltei com mais uma dica de livro. Sabem... eu acrèdito piamente que o desenvolvimento do empreendedorismo depende duma fase inicial de capitalismo tupinambá, com pouquíssima interferência governamental, muito risco, idéias rolando soltas, conhecimentos compartilhados, nenhuma barreira-de-entrada, iniciativas corajosas à margem das normas e muitas loucuras & curtição com uma galerinha do barulho que se amarra num agito. Contudo, quando na história da economia de mercado, após essa fase inicial de loucura e inovação, começam a aparecer as primeiras corporações, os sìndicatos de mimadinhos, as máfias de beijos mútuos e toda a vegetação luxùriante de normas técnicas, proibições, burocracia e exigências estatais, é sinal de que os empreendedores já oprimiram o-bastante os fracassados, que, por sua vez, resolveram apelar para seu recurso derradeiro — o Papai Estado — para salvá-los dos meninos malvados que criam valor.


Por isso, foi com satisfeita curiosidade que eu li o título do livro que resenharei na seqüência: "A economia dos desajustados: alternativas informais para um mundo em crise", de Alexa Clay & Kyra Maya Phillips. Vou-lhes falar, inicialmente, das expectativas que tive. Imaginei que encontraria ali uma série de casos de como pessoas comuns, na base do improviso e da criatividade, criaram novos mercados com tecnologias underground à margem ou dentro das corporações dominantes, das indústrias decadentes, escapando da tara reguladora e tributária do Estado-Babá. Enfim: a clássica história de David contra Golias. Pensei também --— reparem como seu ingênuo! — que aprenderia com iniciativas que, depois, eu poderia ensinar para meus clientes e alunos. O que eu encontrei nas páginas seguintes, contudo, foi onguismo vagabundo, besteirol esquerdista, bandidismo, ìndigenismo, coitadismo, pobrismo, abortismo, racialismo, relativismo ético-moral, palhaçada New Age e — pasmem! — crença em abdução por alienígenas (págs. 237-242).


Este livro é uma viagem na obscura & sinistra cabeça da esquerda descolada amèricana. Ele nos revela muito sobre a antiga, cimentada e conhecida relação entre esses beneméritos salvadores da humanidade e os criminosos do que sobre a relação entre empreendedorismo, informalidade, criatividade, capitalismo selvagem e improvisação. ¿Exagero? Vejamos. Como legítimas esquerdistas descoladas, as autoras parecem não vibrar seu diapasão ético-moral na mesma freqüência das pessoas comuns e não-descoladas. Por isso, o livro fede a relativismo do mais revoltante. A base do... digamos... "raciocínio" das autoras é o seguinte: os empreendedores são desajustados; os criminosos são desajustados; logo, os criminosos são comparáveis aos empreendedores, e ambos são pessoas igualmente inventivas e produtivas, tentando sobreviver sob um sistema malvado, feio, bobo e cara-de-cocô! Isso é o que permite as autoras compararem os cruéis piratas somalis com empresários, com estrategistas (pág. 21-27). Simples assim.


Quem já discutiu com um petista nas redes sociais sentir-se-á em casa (ou melhor, no hospício) lendo este livro, pois o "raciocínio" contido nessas páginas — todo-ele fundado em sofismas, falácias e pensamento metonímico, recheado com aquele fedorzinho de santidade que só os esquerdistas falastrões sabem exalar — é típico dos petistas de Facebook. Cito um exemplo: "Trabalhar para um cartel de drogas mèxicano pode ser bem parecido a trabalhar para a Exxon: todos são sujeitos a um sistema hierárquico de comando e controle." (pág. 20). ¿Entenderam? A Exxon tem um òrganograma; os carteis de drogas têm um òrganograma; logo, a Exxon e os cartéis de drogas são iguais — não importa se vendem petróleo ou cocaína. Na mesma página, à diante, elas continuam sua flatulência: "Foi por isso que a questão da inovação tornou-se o teste final para a seleção das histórias deste livro. Para não serem cortados, esses desajustados não poderiam ser apenas marginais, mas deviam ser inovadores e quebrar paradigmas" (pág. 20).


Isso significa que, para essas alminhas cândidas, o cartel de drogas do México foi cortado do livro por ser insuficièntemente desajustadinho, e não por ser... digamos... criminoso! As autoras tentam se desculpar em seguida, dizendo que "este livro não pretende fazer apologia à atividade criminosa" e "não estamos tentando glorificar a imoralidade dessas ações" (pág. 27). Então tá! Porém, mais à-frente, elas se traem listando a fina-flor do que consideram ser os heróis da economia desajustada: "são os patifes que ameaçam a estabilidade dos negócios; os renegados que trabalham contra as bases de sua organização ou comunidade; os inconformados que ficam mais empolgados com a incerteza (...) que com a realidade; os rebeldes que quebram as regras e desafiam as perspectivas dos outros; os excêntricos que saem do barco com suas motivações mais profundas, abraçando a própria estranheza; os vagabundos que não têm medo de construir com base nas idéias dos outros, partilhando livremente as suas, ainda que utópicas e delirantes" (pág. 30-31).


Entendam: este é mais um livro que tem como ancestral intelectual Herbert Marcuse, que, após a debandada do proletàriado como classe revolucionária, passou a louvar tudo o que não prestasse na sociedade ocidental, na esperança de que os marginais substituíssem o proletàriado no trabalho de destruição do capitalismo. Em todo o livro, aliás, a palavra desajustado serve para que as autoras atenuem o peso moral condutas criminosas que glòrificam, igualando-as às condutas inovadoras. Algumas vezes, porém, o texto assusta por sua vigarice intelectual explícita. Leiam isso: "Entre as características que fazem um empreendedor de sucesso, uma se destacou: a delinqüência juvenil. Os autores descobriram que pessoas que se envolveram em atividades agressivas, ilícitas ou de alto risco até os dez anos de idade têm mais chances de se tornarem empreendedores de sucesso" (pág. 79). Claro: se a definição de empreendedor dada no livro é a mesma de bandido, certamente, a delinqüência juvenil é um belo início de carreira!


Vejam outro trecho de delinqüência intelectual nauseabunda: "Os criminosos não são mas um peso para a sociedade; sua expertise não está mais trancada na cadeia, e sim valorizada e direcionada em prol da sociedade" (pág. 261). Bem-vindos ao mundo do Doutor Mabuse! Enfim: todo o livro é uma listagem de supostos "projetos e coletivos" sociais de eficácia duvidosa, tocados por gente culpada, surtada, hipócrita, arrogante, hedonista e ressentida — mas que se sente santa & foda. ¿Algo lhes parece familiar? O texto é uma bela prova de que o "pensamento" esquerdista amèricano só difere do seu congênere brasileiro por ter menos rancor embutido e por vir diluído num mel de bom-mocismo para exportação. A lição de fica é: chame o sistema de malvado e ganhe uma licença prévia para delinqüir à-vontade. E se por acaso você for pego, banque o mártir e culpe a vítima! A senhora Alexa Clay e a senhora Phillips estão perdendo tempo escrevendo livros como esses: elas fariam mais sucesso dando-aulas no Complexo Manicòmial PUC-USP!



CLAY, Alexa & PHILLIPS, Kyra Maya. "A economia dos desajustados: alternativas informais para um mundo em crise." São Paulo: Figurati, 2015. 269 páginas. R$ 30,70.


"O mundo em crise a que se refere o título do livro está certamente em crise — crise moral! E a maior prova disso é o próprio livro."

Professor Cerebelo Caravelas, analista de sistemas, psiquiatra e confeiteiro.


"Mostre uma demanda a uma pessoa normal e ela criará um negócio. Mostra uma demanda a um esquerdista e ele criará uma política pública."


Doutor Gentil Pinto, ginecologista, analista financeiro e consultor.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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