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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 25

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 18 de jun. de 2016
  • 2 min de leitura

São Paulo, 18 de Junho de 2016.

Olá, Sandro!

Vamos ver por onde eu começo. O brasileiro se acha muito esperto; e acha que seu "jeitinho" tem a simpatia & aceitação universal. Acontece que não tem não. No Brasil, nós temos três situações: o sim, o não e uma ampla zona cinzenta e indefinida que eu chamo de "não pode, mas eu vou dar um jeito para você." É aí que o parentesco, a simpatia pessoal, o compadrio, o sentimento, o vìtimismo, a aparência, a proteção e o toma-lá-dá-cá operam seus milagres diários.

O brasileiro é um povo que reconhece a incompatibilidade irremèdiável entre os procedimentos burocráticos, que não admitem desvios, e as arestas do dia-a-dia, com sua natureza errática, defeituosa, imprèvisível. É nessa folga de encaixe entre a forma ideal e o funcionamento da vida real que se insere o jeitinho brasileiro. O jeitinho brasileiro é uma placa-de-choque entre dois mundos incompatíveis: o do Estado e o da família. Até aqui, Sandro, ¿você me entende?

Então ok. O Brasil é assim porque o sim e o não, para nós, são alternativas insuficientes para a insegurança que nos cerca. Nossa incapacidade de acertar no sim ou no não faz com que aumentemos o tamanho do alvo possível, abrangendo um enorme talvez, capaz de incluir não apenas nossa incompetência civilizacional, mas também as coisas que nós temos de melhor: nossa cordialidade, capacidade de improvisação, criatividade, etc. Ok. Agora, viremos a página.


Ocorre, Sandro, que há culturas que não funcionam assim. Elas foram competentes em garantir uma existência prèvisível e uma segurança jurídica constante para seus cidadãos. O sim é afirmativamente sim. O não, é não. Não existe coluna central. Não existe zona cinzenta. O jeitinho brasileiro, aí, perde toda a sua capacidade miraculosa. É por isso, Sandro, que os brasileiros são tão mal-vistos fora do país. Os brasileiros saem do Brasil, mas o Brasil não sai dos brasileiros.

E isso, lá fora, é sim um tremendo dum problema. A inadaptação cultural vai lhe fechar portas Sandro. E foi isso o que lhe aconteceu na Inglaterra. Sua incapacidade de mudar o mindset, de virar a chave, de desarmar o disjuntor fez com que você só fosse aceito por pessoas do seu próprio gueto, num círculo fechado. E isso é péssimo -- por vários motivos. Cito apenas alguns: empobrecimento cultural, isolamento social, difìculdade de contatos de trabalho e por aí vai.

Sem contar que você fica cercado de pessoas oriundas do seu país de origem, que têm as mesmas habilidades e formação profissional que você. ¿E você sabe o que isso significa, Sandro? Concorrência! Portanto, não culpe inimigos invisíveis. Você não é mais um desses demagogos vagabundos que vendem consórcios de "dívidas históricas". Não, Sandro. Não foi o prèconceito o que o derrotou na Inglaterra. Não foi nem seu modelo-de-negócio -- que era bom. Foi você!

Tente de-novo!


Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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