CAIXINHA DE FERRAMENTAS 34
- Fernando Rogério Jardim
- 23 de jun. de 2016
- 2 min de leitura
Olá, crimes sem motivo! ¿Como vai essa vontade-de-potência? Eu ainda não cheguei no estado de tomar pílulas para isso, mas... Na semana passada, vocês viram que eu postei aqui a famosa & faraônica pirâmide de Maslow, a-respeito da hierarquia das necessidades indivìduais (clique). Os cinco ou seis leitores deste blog estranharam o uso que eu fiz da pirâmide de Maslow, tomando-a como ferramenta estratégica para a prospecção de necessidades dos consumidores. Mas oras... ¿Qual o maldito problema com isso? Afinal-de-contas, os clientes — por mais insensíveis & desalmados que sejam — ¿não são gente como nós? Se forem feridos, ¿não sangram? Se forem màgoados, ¿não chamam o Procon? Se forem maltratados, ¿não nos xingam muito no Twitter? Pois bem, o que vale para os homens, vale também para os homens que consumem: os clientes. Sigamos.
Segundo os críticos, o principal problema da pirâmide de Maslow é que ela concebe a perseguição & satisfação das necessidades de maneira sucessiva e mecânica, ao passo que, se analisarmos atentamente, veremos que as pessoas buscam obter os bens "inferiores" e "superiores" ao mesmo tempo, sem uma solução de contìnuidade entre esses patamares. Esta é a crítica de Clayton Alderfer à pirâmide de Maslow. Para esse autor, os indivíduos perseguem três satisfações: 1) as de existência, que coincidem com as necessidades biológicas e de segurança de Maslow (comida, abrigo, descanso, certeza, garantia, proteção e ordem); 2) as de relacionamento, que nos remetem às necessidades de afiliação e autoestima de Maslow (afeição, amor, reputação, respeito, relações e prestígio) e, por fim, 3) as de crescimento, que são iguais às de autorrealização, descritas por Maslow.
Então, ¿qual é a maldita diferença entre a teoria de Maslow e a teoria de Alderfer? Bom... além da questão da simultàneidade das necessidades, ainda segundo Alderfer, a frustração dos objetivos "superiores" faz com que o indivíduo retroceda para a busca de objetivos "inferiores". Isso significa, por exemplo, que o funcionário que não vir nenhum propósito no seu trabalho ou não se realizar com suas tarefas (crescimento), tenderá compensar tal frustração tagarelando que-nem fofoqueira com seus colegas-de-trabalho (relacionamento), ou fazendo pausas longas, chegando atrasado, entornando litros & litros de café no refeitório (existência). Em poucas palavras, Alderfer acrescenta à pirâmide de Maslow a "dinâmica interna" ou a "economia interna" da psiquê humana, tornando seu modelo ideal para tratarmos da motivação dos colaboradores no ambiente-de-trabalho. Falando nisso...
Repare que a satisfação das necessidades de crescimento são muito mais simples & baratas à empresa do que a garantia das necessidades de existência. Direi sem rodeios e sem medo de soar um pouco cínico: é mais barato à empresa toyotista e moderna dar mais liberdade e autonomia ao funcionário (não microgerènciar e não desumanizar seus colaboradores), do que aumentar o salário deles, cobrindo-lhe de bondades & presentes, como faziam as empresas fordistas do passado. Liberdade e respeito são mais baratos e geram mais retorno que os salários elevados e os benefícios assistènciais. Pense nisso, caro leitor, quando você ficar tentado a transformar sua empresa num lindo gulag, com câmeras-de-vigilância, burocracia soviética, feitores, capatazes & jagunços corporativos cagando-regras como se não houvesse amanhã nem seres-humanos trabalhando.
Até-mais-ver, camaradas!

Teoria motivacional (ERC) de Clayton Alderfer.
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