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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 42

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 15 de out. de 2016
  • 3 min de leitura

São Bernardo do Campo, 15 de outubro de 2016.

Sandro, calma!

Antes-de-mais-nada, meus efusivos parabéns! Cara, a oportunidade de apresentar a sua idéia de negócio para investidores de-verdade (que têm dinheiro de-verdade) é um troço ótimo. Sim: eu já vi gente sair chorando que-nem uma menininha pirracenta dessas sessões de shark tank, pinga-fogo ou seja lá o nome que dêem para isso. Sim: se você não tiver uma armadura emocional, seu ego poderá sair arrasado dessa reunião; e não passará nem sinal de wi-fi pelo seu ânus por meses; e é provável que aquele concurso-público para mucama da Receita Federal passe a lhe parecer sedutor. Mas calma! O titio Fernando está aqui para tranqüiliza-lo. (Só que não).


Vejamos o que você precisa saber para convencer investidores. Primeiro, vamos ao básico. Esses caras não investem em idéias; eles investem em pessoas que consideram capazes de realizar essas idéias (quaisquer idéias que retornem o investimento deles o mais depressa possível). Não há nada mais convincente do que empolgação verdadeira — aquele brilho fanático & histérico, comum entre os homens-bomba e os napoleões-de-manicômio, que às vezes também aparece nos olhos dum empreendedor convicto do próprio negócio. Ponha alguém assim para falar com esses caras, e é meio caminho andado. Seja também didático, brutalmente didático.

Vocês (o Rafael e o Ricardo inclusos) são três programadores virgens & patéticos. Ninguém duvidará da competência técnica de vocês. Mas se vocês tomarem um processo, ¿quem irá defendê-los? ¿O chicaneiro colorado? E quando o dinheiro — queira Deus — começar a entrar na conta da startup, ¿quem será responsável pelos impostos e noves-foras? ¿O Senhor Excel? Se vocês não têm um contador e um advogado, entre em contato com um e coloque-os de sobreaviso. Outra coisa: vocês pretendem lançar aplicativos, certo? Toda equipe de aplicativos tem um designer gráfico, um programador e um gerente de projetos. ¿Quem é quem entre vocês?


Quanto ao quê apresentar para os caras, pelo amor de Goku: não me venha com aqueles slides porcos. Quem sabe do que fala, não precisa da muleta do PowerPoint. Use-o sim, mas para ilustrar a interface gráfica do usuário, o jeitão da coisa, o layout e a arquitetura do aplicativo, por exemplo. E isso-tudo se faz com imagens, e não falatório. Não tente impressionar esses caras com jargão técnico. Ninguém se assusta com três bostinhas falando difícil. Enfatize, logo de cara, o tipo de problema e de público que vocês querem resolver e atender. A dor do cliente precisa doer em quem ouvi-la. Use as ferramentas do design thinking e o canvas (clique).


Se eu fosse investidor-anjo (pausas para rir dessa expressão)... Se eu fosse investidor-anjo, eu me prèocuparia com mais seis coisas: 1) monetização: como é que vocês esperam ganhar dinheiro com essa bagaça; 2) escalabilidade: qual é o grau de abrangência e viralidade desse aplicativo; 3) riscos ocultos, como o dum concorrente agressivo e foderoso entrar no mercado com uma solução mil vezes melhor que a de vocês; 4) pròpriedade intelectual: como o código-fonte de vocês está protegido por um denso cipoal de contratos & garantias; 5) prazos e 6) custos. Estes dois últimos itens podem ser apresentados por um cronograma de investimentos.


Basicamente, nele, vocês dirão quanto dinheiro custará essa porra toda, em quais etapas do projeto cada aporte será investido, como e com quê essa grana será gasta, além duma estimativa de retorno (prazo e taxas). Resumindo: contabilidade e cronograma. E não tente engambelar esses diabos velhos com estimativas exageradas. Ingènuidade pega mal e custa caro. A motivação e o entusiasmo, mencionados anteriormente, não podem cegá-los para os riscos e custos — sobretudo quando o dinheiro não de vocês. Riscos, aliás, são o resultado de incógnitas mais vàriáveis. Quanto mais dados vocês derem aos investidores, mais segura e certa será a aposta deles em vocês.

Força na peruca; e que a salsicha esteja convosco!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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