CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 45
- Fernando Rogério Jardim
- 5 de nov. de 2016
- 2 min de leitura
São Paulo, 5 de novembro de 2016.
Saudações, Leonardo!
Eu saí do ABC em junho; mas por uma série de razões, eu ainda não tive tempo de colocar minhas coisas em ordem. Estou usando os sábados & domingos para isso. Portanto, ficarei devendo essa visita. E a propósito da sua pergunta: por uma questão de honestidade intelectual, eu já lhe aviso que estou enviando uma mensagem igual a esta, com o mesmo conteúdo, para o Alessandro, pois o que segue abaixo são coisas que ambos precisam saber.
É bom saber que vocês formalizarão a empresa. O governo também deve estar achando ótimo, porque, de agora para frente, vocês serão mais duas putinhas tributárias no imenso harém do titio Michel. Ah! e não se esqueçam de reservar uns quatro meses, a cada ano, só para preencherem burocracia trabalhista e tributária. Afinal, ¿quem mais, senão vocês, sustentarão a últimas duas castas da República: a dos coitadinhos e a dos espertalhões?
Mas aos fatos. Neste momento, você e o Alessandro são empreendedores recém-casados. (Digo isso metafòricamente). Tudo é lindo & fofo. As perspectivas são maravilhosas. Mas, da mesma forma como nenhum recém-casado normal pensa em separação já na lua-de-mel, pouquíssimos empresários debutantes consideram, ao firmar um contrato, nos termos de venda ou saída do negócio, nas cláusulas de dissolução da sòciedade. ¿Entende?

Suponhamos — credo-em-cruz! — que, depois duma briga onde rolou cuspes unhada e puxões-de-cabelo, você ou o Alessandro resolvam sair do negócio. ¿Quem cair-fora, ficará com as mãozinhas abanando? ¿E quem ficar, ficará com tudo? Suponhamos ainda que Donald Trump em pessoa & tintura queira comprar a firma de vocês. ¿A quem caberá a decisão? ¿Qual será o papel da cada um após a venda? ¿Como será a partilha?
Ninguém quer evocar pensamentos fúnebres, mas vamos supor que um de vocês morra de ataque cardíaco após uma noite de sexo silvícola com uma supermodelo internacional... ¿como ficará a questão da sucessão, dos herdeiros, da viúva alegre? Sabe, Leonardo, eu quero quer uma prostituta romana na época da invasão de Constantinopla pelos turcos se você já considerou essas possìbilidades. Eu aposto meus rins que não!
Pois bem. Vocês estão dançando tango numa corda-bamba de insegurança jurídica. Abaixo, está um precipício de processos, despesas com advogados e dores-de-cabeça com a justiça. Portanto, Leonardo, meu conselho é simples: procure um advogado e não se esqueça de colocar no contrato as condições de saída ou venda da parte de cada sócio na empresa. Contratos são documentos firmados entre amigos para serem usados contra inimigos.
Fique atento.
Fernando.
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