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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 50

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 10 de dez. de 2016
  • 2 min de leitura

São Paulo, 10 de Dezembro de 2016.

Salve, Lúcio!


Esse assunto é polêmico como mamilos. O empreendedor-ostentação faz sucesso no Brasil porque o brasileiro tem uma tendência natural ao mimetismo e à macaqueação. Eis um espectro que ronda as startups. Eu não sei se sinto pena ou se fico puto com essa galera que, ao mesmo tempo em que desdenha dos diplomas alheios, infla os próprios currículos com realizações mitológicas. Tem gente, Lúcio, que é muito competente em parecer competente.


Fato: as faculdades não capacitam para o empreendedorismo. O que elas ensinam, com este nome, são algumas técnicas e ferramentas estratégicas que podem (talvez) ajudar você a modelar um negócio. Fato: se eu fosse um investidor, eu não apostaria meu dinheiro numa pessoa com títulos; eu apostaria meu dinheiro numa equipe com realizações mensuráveis... e até-mesmo com falências na bagagem (falências ensinam mais que faculdades). São fatos.


Tendo isto em mente, esses empreendedores wannabe — que sobem num palco aos gritos e fazem malabares com granadas & morteiros ao som de “We are the champions” — têm toda a razão do mundo quando desdenham de diplomas e fazem troça de títulos acadêmicos. Nisto, eu estou com eles! Eu-mesmo, como você sabe, só uso os meus títulos de mestre & doutor contra quem acrèdita em títulos de mestre & doutor. Eu não respeito quem respeita títulos.


Mas daí vem a incoerência perturbadora: o mesmo cara que diz que título não vale nada, dá uma inflada monstro no próprio currículo, inclusive com majors e minors que não tem. Tipo: o cara assistiu a algumas aulas de introdução à astronomia pela televisão, e daí sai por aí dizendo que é astrônomo formado pela USP. O cara fez uma excursão ao Cabo Canaveral pela Estela Barros, e daí sai empinando o peruzinho, dizendo que fez um curso na Nasa.


Depois você descobre que a maior realização dessa turma é fazer palestra sobre realização. Bela bosta! Quem entra nessa onda, não quer empreender; quer antes emular as pessoas que empreenderam e enriqueceram. Isso não é muito diferente da moça que vê novelas sonhando com o galã. O José Brasileiro Médio ainda não se livrou do seu passado oligárquico. Ele quer títulos, e não conhecimento; quer pose, e não realização — mesmo quando diz o contrário.


O empreendedorismo de palco é uma praga, Lucas. É o equivalente atual das palestras de motivação & liderança, que fizeram algumas fortunas (não de quem as via) nos anos 1990. Fuja dessa droga, e você poderá poupar uma bela grana, que depois será melhor gasta com jujubas. E se você precisa dum palhaço de picadeiro como incentivo para empreender, seu problema é mais grave que o do impotente que precisa de catuaba genérica para furunfar.



Fica o aviso.

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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