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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 61

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 26 de fev. de 2017
  • 2 min de leitura

São Paulo, 26 de Fevereiro de 2017.

Caro Sílvio,


Você está oficialmente delirando. ¿De onde você tirou esses valores? ¿Quem lhe disse que você precisa de R$ 200.000,00 para montar sua produtora de vídeos para o Youtube? Eu adoraria que você me respondesse a mensagem com suas contas. Eu não entendo essa tara que vocês têm por investimento, por investidores. Na maioria das vezes, isso revela apenas uma ignorância sobre as formas mais enxutas e criativas de empreender.


Quando não é isso, trata-se apenas duma desculpa que o empreendedor dá a si-mesmo para pròcrastinar eternamente a realização do seus planoS. Eu até imagino a cena: todos os dias, você acorda, esfrega os olhos, checa as redes sociais e pensa consigo: "porra... quando eu tiver R$ 200.000,00 na conta, eu finalmente vou largar aquele emprego de merda na agência e criar minha própria produtora." Vai picas, Sílvio! Vai picas!


Cara, se você tivesse R$ 200.000,00 agora no banco, fazendo aqui umas contas toscas, aplicando esse dinheiro em tesouro-direto, você não precisaria nem trabalhar, meu caro! Você não precisa dessa pequena fortuna, Sílvio (a-menos que seu sobrenome seja Abravanel); o que você precisa é de vàlidação das suas hipóteses, duma carteira de clientes, de experiência de mercado, de parceiros estratégicos e ao menos dum canvas!


Eu fico puto com gente como você, porque é justamente se aproveitando dessa tara besta por investimento a todo custo que têm aparecido no mercado uns grupinhos de investidores meio picaretas. Às vezes, os caras nem são pròpriamente desonestos, mas é que as opções de aplicação que eles oferecem às startups são bem leoninas. O contrato vem até com juba! Se você lê a porra-toda com atenção, você não assima.


Eu já vi casos em que os investidores precificavam a startup e definiam um valor x para a alavancagem. Então os donos da startup entravam com 50% desse valor (parcelado); e os investidores entravam com o restante. Mas daí vem o detalhe do capeta. Aquilo não era bem um investimento, mas sim um empréstimo. Após dois anos, os donos da startup deveriam devolver aquele dinheiro; e os investidores ficariam com 20% da empresa.


¿Tá bom pra você? O negócio era leonino porque o risco dos investidores era quase zero. Por isso, meu caro, cresça vegetativamente, opte pelo bootstrapping (as próprias economias) ou pelo crowdfunding (vaquinha virtual). Aprenda muito, cometa erros, teste hipóteses, conheça pessoas. Não saia por aí comprando mármore para o seu Palácio de Versalhes. Pode ser que seus clientes queiram apenas um puxadinho em Guarulhos.

Até-mais-ver!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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