CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 62
- Fernando Rogério Jardim
- 5 de mar. de 2017
- 2 min de leitura
São Paulo, 5 de Março de 2017.
Caramba, Ricardo!
Não sei se você conhece aquela cena clássica do filme Cães de aluguel: os personagens estão num porão, apontando suas armas uns para os outros. O momento é de impasse. Quem puxar o gatilho, começará o tiroteio. No final, todo-mundo atira e todo-mundo morre. Eu sei: isso foi um spoiler, mas também foi uma parábola. A cena do filme me lembrou muito sua situação – ou vice-versa.
Deixa eu ver se eu entendi direito: vocês criaram um aplicativo (é sempre um aplicativo) para gestão de clínicas de estética, barbearias, salões de beleza, etc. Ok. O front-end está pronto, o back-end também. Mas os garotões estão fazendo frescura para lançar o negócio porque estão com medo de levar ou de tomar rasteira — de vocês mesmos! ¿Você está zoando com a minha cara, Ricardo?
Eu imagino que vocês tenham a maturidade emocional de um bebê-mosca e a lealdade de um corsário bêbado. Só isso explica que vocês aceitem se sabotar por mesquinharia e desconfiança. Vocês estão com medo de que alguém leve o crédito pelo código e ganhe mais dinheiro que os outros — e daí a solução brilhante de vocês é ninguém levar o crédito e ninguém ganhar dinheIro. Brilhante!

Certo. Eu vou lhes ensinar a resolver essa situação beeeeeeeeeem didàticamente, como se vocês fossem os retardados que realmente são mesmo. Primeiro: vocês precisam ter aquela conversa. Definam as atribuições, as contribuições e as retribuições de cada qual na empresa. Agora vocês são uma empresa. O que for decidido nessa reunião será inquestionável & sacrossanto depois d' ela ter acabado.
Segundo: formalizem a porra da empresa. Eu não posso ajudá-los nisso, mas conheço um excelente ex-aluno que poderá conduzir toda a papelada para vocês — desde o contrato com os sócios, passando pelo registro na junta comèrcial, as cláusulas dos usuários, etc. Já lhes adianto quer o serviço não é barato: R$ 15.000,00. Mas pense nos aborrecimentos que essa formalização vai tirar das costas de vocês.
A formalização jurídica tirará um pouco dessa névoa de paranóia entre vocês, porque, daquele ponto em diante, o fiador máximo do contrato será o Estado; e é bom lembrar que ele tem marinha, exército e aeronáutica. Por fim, como vocês temem ser roubados um pelo outro, contratem um contador de estrema confiança. Ele cuidará do fluxo-de-caixa e dos impostos. Vocês também poderão armá-lo com laser.
É isso. Sucesso e tenência!
Fernando.
Comments