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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 68

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 16 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

São Paulo, 16 de Abril de 2017.

Fala de-novo, Caio!


Veja só como são as coisas... Duas semanas atrás, nós havíamos conversado sobre os eventos de startups. ¿Você se lembra do que eu lhe disse? – que eu não tinha mais saco para agüentar essa palhaçada yuppie, essa farofada hipster; que só ia nesses lugares em último caso se me pagassem; que eu só ia se alguém muito legal estivesse presente e acessível... Que bom que você testemunhou meu ponto-de-vista presencialmente!


Estou sendo chato. Façamos justiça: eu já fui em eventos sérios, com gente profissional, despachada e comprometida, que queria mesmo fazer-acontecer. Naquela época, como eu era apenas um outsider curioso, o encontro não fez muito sentido para mim; mas eu tenho certeza de que os empreendedores presentes aproveitaram bastante a experiência. Mas ora-ora-ora... Não parece ter sido esse o seu caso, né? Lamento pelo seu vacilo!


Você vai rir pela bunda do que eu lhe disser agora, mas sinceramente eu acho que os eventos de startups deveriam ser classificados que-nem os campeonatos de futebol: tipo assim: categoria dente-de-leite, juvenil, sub-20, juniores, profissional e velha-guarda. Isso evitaria que pessoas calejadas como nós ouvissem groselha de autoajuda; e evitaria que os novos entrantes se decepcionassem com relatos da vida como ela é. ¿Entendeu?


Então seria assim: o cara entraria num evento dente-de-leite e assistiria à palestra dum picareta fazendo truques de mágica enquanto filosofa sobre o poder da mente. O outro lá iria num evento juvenil e assistiria à egotrip duma farsante falando sobre seus trinta-e-cinco diplomas pelo MIT. Fulano entraria numa festa-culto nível sub-20 e descobriria a fórmula do sucesso instantâneo: o poder de hackear sua mente. Satisfação garantida.


O evento júnior seria sobre model canvas, design thinking, startup enxuta, bootstrapping, crowdfunding e outros temas da moda. No evento profissional, após escolher entre a pílula azul ou a pílula vermelha, alguém lhe contaria, entre um gole e outro de vinho barato, o quanto o governo lhe fode a cara, o quanto a burocracia, a legislação, a mentalidade esquerdopata e a logística de merda deste país acaba com seu tesão de empreender.


O evento velha-guarda seria um círculo de orações com aqueles que desbundaram, largaram tudo e foram fazer concurso público. ¿Que tal, Caio? ¿Não teríamos mais chances de satisfação se cada um ouvisse apenas o discurso que melhor se encaixa às suas crenças prévias? É por isso que eu digo: há reuniões que poderiam ser substituídas por um e-mail; e há eventos que poderiam ser substituídos por um hangout. Aprenda comigo.

Abraços & desbundes,

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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