POSTAGEM-RELÂMPAGO 87
- Fernando Rogério Jardim
- 18 de abr. de 2017
- 3 min de leitura

1- Chegar atrasado. O atraso dispara no investidor várias mensagens piscantes sobre a índole do empreendedor: que ele não respeita o tempo dos outros, que ele é imaturo e moleque, que ele é indisciplinado e pouco profissional, que ele tem problemas na gestão do tempo... imagine então como é gerida sua startup.
2- Não se prèparar direito. Ok. Ninguém vai perder uma oportunidade de investimento só porque gaguejou no terceiro minuto, porque não pronùnciou corretamente um termo técnico em Inglês, porque deu branco ou porque os slides travaram. Mas a falta de prèparação (pessoal e técnica) envia alertas ruins sobre a equipe.
3- Ficar lendo slides. Investidores investem em pessoas, não em empresas. E eles estão interessados na sua solução, não na sua pirotécnica apresentação. Você não fica lendo mapas para chegar até a sua casa porque você conhece o caminho (quando sóbrio). Então, ficar lendo slides denota que você não conhece seu próprio negócio.
4- Ignorar quem são os investidores. Na hora dum pitch, os empreendedores se prèocupam com o que vão dizer e com a forma como vão dizer; mas não se informam sobre as pessoas para quem vão dizer aquilo. Resultado: seu discurso fica muito autocentrado e pouco convincente, porque não toca nos motivos dos ouvintes.
5- Desconhecer números ou inventar números. Deixe isso para os institutos de pesquisa! Tudo-bem você não lembrar alguns detalhes financeiros da sua empresa. (Tudo-bem uma ova!) Mas nada é pior do que você mentir. No universo startup, muita coisa de faz na base da confiança. Portanto, nunca-nunca invente balanços.
6- Alongar-se demais. O objetivo dum pitch é justamente ser curto & grosso. É sempre bom repetir a máxima: se você precisa de muitas palavras para transmitir seu conceito, é porque ele não está claro para você – ou você está tentando “abraçar o mundo” com seu negócio (isso soou estranho), ou lhe falta mais foco.
7- Usar discursinho motivacional dos anos 1990. Este é o momento vergonha-alheia grau máster. Um pitch não é hora para literatura, para, declamação, para filosofia barata. Se você está motivado e empolgado, ótimo! Mas deixe que seus olhos digam isso para você. Não perca os segundos preciosos da atenção alheia com bullshit.
8- Bater-boca com o investidor. Alguns pitchs são encontros com tubarões! Os caras vão lhe apertar, vão lhe espremer, vão apontar defeitos em seu produto ou serviço que você nunca notou. Isso às vezes dói. Há empreendedores que não agüentam ver seu negócio apanhar (isso soou estranho novamente) e reagem com grosseria.
9- Não trazer nada tangível ou concreto. ¿Quantas vezes eu vou precisar repetir que idéias valem um centavo a baciada? Ninguém investe em idéias. Traga um protótipo (mesmo que de baixíssima fidelidade), uma embalagem do futuro produto, um folder, um fluxograma de processo, uma jornada-de-usuário, um pedido de patente – sei lá!
10- Desconhecer o mercado (preço, margem, custo). Enquanto você estiver se esgoelando loucamente lá no palco, o investidor, sentado e ouvindo, pensará em coisas como preço de venda, margem-de-lucro, custos de produção ou de atendimento, precificação e monetização, etc. Trate de arranjar respostas plausíveis para essas coisas.
11- Comparar sua empresa com outra empresa gringa que faz a mesma merda que você. Frases comuns que eu já ouvi em pitchs: “nossa empresa é tipo o Groupon, mas...” Ou “nossa empresa usa o mesmo princípio do Uber, mas...” Não é crime imitar princípios de empresas bem-sucedidas. Mas considere se sua comparação tem cabimento.
12- Ser intransigente com detalhes babacas. Um pitch também é uma oportunidade de aprendizado. Você está recebendo feedback qualificado de pessoas que não ganharam dinheiro na vida sendo tolas. Então, cale a boca e ouça-as. Defenda o âmago da sua idéia, mas não se prenda em detalhes idiotas do que pode ser mudado.
Até-mais-ver.
¿Quem é John Galt?
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