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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 73

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 21 de mai. de 2017
  • 2 min de leitura

São Paulo, 21 de Maio de 2017.

Caro Tiago sem H,


Cuidado: os sócios podem ser abduzidos pelo mercado-de-trabalho. Se a nossa economia se recuperar (note: eu disse se e não quando), isso vai se tornar mais comum. É natural que os pintinhos mais medrosos fujam para o ninho do emprego formal quando sentem que a temperatura da bunda do patrão é maior que a gélida brisa do vôo solo. Ok: pintinhos não voam; mas você entendeu a alegoria.


Isso já me aconteceu duas vezes. Sim: duas vezes! Nas duas ocasiões, a história foi quase a mesma: um ex-aluno me procurou com uma proposta que eu não podia recusar. Na verdade, podia sim; mas a idéia era boa, e então eu aceitei. Passaram-se algumas semanas, a idéia evoluía para projeto, o projeto evoluía para negócio... Até que um dia o sujeito me liga e me diz todo feliz que arranjara um emprego.


¿Emprego? ¿Que porra é essa de emprego? Meu, se você convida alguém para empreender e depois arruma um emprego, isso é o mesmo que levar alguém para a sinagoga e depois converter-se ao islamismo. Aí vem aquela històrinha: "ah, mas a gente pode tocar essas coisas junto, a gente pode continuar com o projeto nos finais-de-semana e tal..." Mas aí você já sabe que é papinho, que o cara já mijou pra trás.



O problema é que há no Brasil todo um aparato do capiroto — jurídico, sìndical, trabalhista, pèvidènciário — que "superprotege o trabalhador" e atrai o cara para a CLT. Ele sabe que vai se foder, mas não consegue resistir à gravidade do Satanás. Não há a mesma rede-de-proteção para os empreendedores. E nós até dispensamos essa merda! Enfia no cu! É da natureza da nossa atividade a liberdade e algum risco.


A coisa se complica quando o cara, o sócio, constitui família, contrai dívidas ou compra uma casa (outra tara do brasileiro é essa: a tara pelo tijolo). Aí, meu filho, se a hipoteca dele expira em trinta anos, ele vai querer estàbilidade por trinta anos também. ¿Solução? — Concurso público! E vai lá o filho-da-puta ser mais um tiranete parasita da sociedade. E a família vai ficar pilhando o cara pra fazer isso.


Eu aprendi a lição. ¿Minha dica? Comprometa seu sócio desde o início. Faça ele assinar coisas, faça ele gastar dinheiro, compre coisas para a empresa e coloque metade na sua conta e metade na conta dele. Se ele der pra trás, terá de lhe ressarcir tudinho. Jogue com os brios dele. Chame-o de medroso, covarde, galinha, verme, diretor de autarquia! Torne a saída dele financeiramente e emocionalmente cara.


Boa sorte!

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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