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CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 74

  • Foto do escritor: Fernando Rogério Jardim
    Fernando Rogério Jardim
  • 28 de mai. de 2017
  • 2 min de leitura

São Paulo, 28 de Maio de 2017.

Caro (mas em pròmoção) André,


Eu posso estar enganado, mas notei um certo deslumbramento na sua mensagem. Espero que isso seja apenas o efeito dum entusiasmo de iniciante, e não a imaturidade do iludido à procura de ostentação. Deixa eu lhe dizer uma coisa papo-reto: não confunda o que é dito nas palestras pirotécnicas dos empresários de picadeiro com a realidade nua & crua do empreendedorismo, pois não há glamour no empreendedorismo. Pelo-menos, não no início. Se você quiser glamour, torne-se acessor de algum deputado petista ladrão. E não se meta a criar empresas!


Esses caras que sobem no palco, com banda de pífaros, foguetório & zabumba, criando verdadeiras seitas em torno de si, quando não são completos vigaristas, já comeram muito miojo na vida; já tomaram muita lotação; já usaram muito cheque-especial... Isso é natural. Isso é comum. Isso é esperado. Isso é honesto. Indigno é ser vagabundo e parasita da sociedade. O motivo certo para empreender, portanto, é pròcurar liberdade, satisfação, felicidade, criatividade e deixar um legado.


O motivo errado para empreender, André, é fazê-lo apenas esperando o dinheiro e o glamour. Eu não sou o primeiro nem serei o último a lhe dizer isso: dinheiro e glamour, quando vierem, serão a conseqüência do compromisso e da disciplina que você dedicar por anos àquilo que ama. Mas nada será fácil — daí a importância de você fazer aquilo que ama, e por um motivo que transcenda o dinheiro e o glamour. Há formas mais fáceis de se ganhar isso: política e tráfico, por exemplo.


Enquanto o dinheiro não vier, a paixão e o legado serão seus únicos combustíveis no dia-a-dia. Tem gente que empreende para provar algo para um antagonista, um adversário. Ótimo! Tem gente que empreende por amor aos filhos, à esposa, à comunidade, à posteridade. Ótimo! Tem gente que empreende porque quer provar ser possível que uma empresa funcione bem sem polìticagem, burocracia e babaquice. Ótimo! Mas repare: em todas essas iniciativas, há uma razão maior por trás.


Todas as empresas fantásticas que você vê hoje bombando na grande mìdia tiveram inícios humildes, precários: uma garagem, um quarto de alojamento na univseridade, um porão ou sótão, um puxadinho, uma quitenete... Os primeiros produtos e serviços dessas empresas sempre foram toscos. Aliás, tem uma frase muito comum no ambiente startup (você já deve tê-la ouvido) que diz que se você não se envergonha do seu primeiro protótipo, é porque você deve tê-lo lançado tarde demais.


Eu tenho muitos alunos que certamente escolheram a carreira jurídica porque viram algum dia um advogado (sepulcro-caiado) andando no maior estica, de terninho & gravata. (Novamente, a sedução do glamour). Não demora muito, porém, para que eles percebam o quanto a profissão de advogado é precàrizada e proletàrizada. Então, só os que realmente têm paixão pela treta e que estão fazendo aquilo por um motivo maior continuam na carreira. O mesmo se aplica aos empreendedores.


Pense nisso,

Fernando.

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© 2016 por Fernando Rogério Jardim © Wix

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