CARTAS PARA JOVENS EMPREENDEDORES 59
- Fernando Rogério Jardim
- 12 de fev. de 2017
- 2 min de leitura
São Paulo, 12 de Fevereiro de 2017.
Poxa, Luíza,
Que bom que você ficou curiosa e se interessou pelo assunto! Então, vamos seguir com isso. Eu já lhe disse na mensagem anterior que a saída para a crise pela qual está passando a advocacia (agravada pela saturação do mercado-de-trabalho com bacharéis sem qualidade, formados em faculdades de beira de estrada) pode ser a inovação. Ok: mas isso foi um conselho meio genérico. Sejamos então mais específicos. ¿O que eu estou chamando de inovação?
Inovar é adicionar ao seu produto ou serviço qualquer novidade que lhe aumente o valor, e que esse valor seja percebido e vàlidado pelo cliente na forma de aumento de demanda e/ou disposição para pagar mais caro. Ponto. Existem inovações que apenas fàcilitam seu trabalho, sem agregar valor direto ao cliente. Mas não é dessas que eu falarei a seguir. Vou falar de como você poderá inovar agregando mais valor para o cliente — numa das profissões mais hostis à inovação.
Sim, porque como é uma atividade atrelada ao Estado e operando com reserva de mercado (OAB), a advocacia é uma das áreas que mais ferozmente se protege de novidades que possam ameaçar o status quo. A estética, a lìnguagem, os protocolos, a comunicação — tudo nela fede a formol e naftalina. E eis a primeira área onde você poderá encantar seu cliente: a estética. Uma advogada descontraída, acessível e informal chamaria a atenção de imèdiato.

Eu vou mais longe: imagine um escritório de advocacia com decoração de startup — que não só surpreenda quem entre nele, mas que também estìmule quem ali trabalhe. ¿O que você teria a perder com isso? Bom... muito — a começar pela sua crèdibilidade. ¿Mas o que você tem a ganhar sendo igual aos demais? Picas! ¿Você acha que só eu considero deprimente a experiência de tratar com advigados — e saber que não há saída para isso, porque todos atendem igual?
Aliás, quando uma profissão forma cartéis, guildas, ordens ou sìndicatos e atua com reserva de mercado, sempre é com vistas a ferrar os consumidores e os profissionais que ficaram fora do esquema. Toda intervenção política no mercado (e a OAB é uma intervenção política no mercado) gera inperfeições de alocação de recursos — que, por sua vez, geram consumidores insatisfeitos. ¿E Sabe o que são consumidores insatisfeitos, Luíza? Uma mina de ouro!
Se eu fosse você, faria um benchmarking de todas as experiências negativas que as pessoas já tiveram com advogados: arrogância, safadeza, sumiço, mentira, atrasos, falta de ética, etc. — e então ofereceria um serviço jurídico em perfeita oposição a tudo-o-que-está-aí. Crie o Doutor Consulta da advocacia! Crie o Uber do direito! ¿O que você tem a perder senão os concorrentes? Foque nos pontos sensíveis e dolorosos dos clientes. Mire naquelas áreas que poucos estão atuando.
Aguarde: falarei mais disso na próxima mensagem.
Fernando.
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